A ponte de ferro Júlio de Castilhos, principal acesso de Jaguari, na Região Central do Estado, não aguentou o peso de um caminhão bitrem e de uma Saveiro e desabou por volta das 16h30min deste domingo. Esta é a 5ª ponte que cai na região nos últimos 13 anos.
Segundo informações da Brigada Militar, o bitrem, com placas de Santiago, e a caminhonete, com placas de Santa Maria, passavam pela ponte bem na hora em que ela cedeu.
A Saveiro caiu na água e ficou com as rodas para cima. O motorista, Diogo Patias, 30 anos, não sofreu ferimentos graves. Ele está internado no Hospital de Caridade de Santiago em observação porque engoliu muita água.
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- Quando se passava de ônibus pela ponte, dava para perceber que ela ficava muito bamba. E não havia nenhuma placa avisando que corria riscos - afirmou o jaguariense Iuri Patias, 23 anos, primo de Diogo.
Foto: Cirino Crivellaro, Arquivo Pessoal
Parte do caminhão bitrem também chegou a despencar. A outra parte ficou pendurada na ponte, presa à cabine. O motorista, Marion Muskoph, 47 anos, sofreu ferimentos leves, foi atendido no Hospital de Caridade de Santiago e liberado.
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Foto: Cirino Crivellaro, Arquivo Pessoal
Segundo a Brigada Militar, a ponte tem mais de 100 anos e estaria sem manutenção.
O prefeito de Jaguari, João Mário Cristofari, garantiu que não havia restrições quanto à passagem de caminhões e bitrens. De acordo com o procurador jurídico do município, Eduardo Diefenback, há cerca de três anos a prefeitura foi questionada pelo Ministério Público sobre a situação da ponte, já que, segundo ele, a estrutura foi cedida pelo Estado em 1941, após uma uma enchente que atingiu Jaguari.
O procurador jurídico garantiu que uma vistoria do MP, feita em novembro passado, não detectou problemas estruturais na ponte, construída em 1899. A prefeitura garantiu, neste domingo, que não tem dinheiro para reconstruir a estrutura e vai pedir ajuda ao Estado.
Acesso alternativo
Com o principal acesso de Jaguari interrompido, o caminho para quem quer chegar à cidade é continuar seguindo pela BR-287 e, quatro quilômetros adiante da ponte, entrar no segundo trevo de acesso.
* Diário de Santa Maria
Cenário de descaso
Em novembro do ano passado, reportagem de Zero Hora identificou falhas nas inspeções rotineiras de órgãos como o Daer e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). As inspeções, em sua maioria, eram exclusivamente visuais. Cada uma das 17 unidades regionais do Daer tem entre um e quatro engenheiros para verificar as condições das estruturas erguidas sobre rios, rodovias e ferrovias. Mas o número é pequeno frente à demanda: são 851 pontes e viadutos, além de dois túneis, ambos na Rota do Sol.
Em janeiro de 2015, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) anunciou que passaria a fiscalizar os cuidados atribuídos a pontes, viadutos e túneis sob a responsabilidade do Estado e de municípios. A decisão foi tomada a partir de um levantamento, concluído no fim de 2014, que revelou um cenário preocupante: nove das principais cidades gaúchas e até o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) carecem de planos detalhados de manutenção, capazes de prevenir riscos.