Centenas de manifestantes se reuniram, na manhã desta quarta-feira, em frente ao Palácio Piratini, no centro de Porto Alegre, em protesto contra o corte de recursos e o atraso de verbas para santas casas e hospitais filantrópicos do Estado.
Vestidos de preto e munidos de apitos e balões, funcionários da saúde e pacientes vieram em caravanas de todas as regiões do Rio Grande do Sul. Com faixas estendidas em frente à sede do governo, instituições de Garibaldi, Uruguaiana, Lajeado, Soledade e dezenas de outras cidades pediram que o governo estadual cumpra os contratos com hospitais e priorize o financiamento da saúde pública.
Segurança e saúde sofrem com escassez de verbas do governo
Sartori anuncia corte de R$ 1 bilhão
No início deste ano, o governo Sartori anunciou o corte de R$ 500 milhões na saúde, sendo que R$ 300 milhões seriam do cofinanciamento, destinado às santas casas e hospitais filantrópicos - um valor mensal de R$ 25 milhões a ser distribuído entre as 245 instituições. Além da redução no financiamento, o Estado ainda deve R$ 132,6 milhões a esses hospitais, referentes aos repasses de outubro e novembro do ano passado.
Durante o protesto, o presidente da Federação das Santas Casas do Rio Grande do Sul, Francisco Ferrer, se reuniu com o secretário chefe da Casa Civil do Estado, Márcio Biolchi, para quem entregou um documento com a projeção do redimensionamento da assistência ao SUS em função dos cortes. Segundo Ferrer, a redução no atendimento da rede, em todo o Estado, seria de cerca de 10% - o que implicaria no corte de mais de 4,6 milhões de procedimentos em 2015.
- Apresentamos um número que inexoravelmente terá de ser negociado em sucessivas repactuações de contrato (entre os hospitais e o poder público) de agora em diante, em face ao não repasse por parte do governo do Estado - afirmou Ferrer.
Biolchi reconheceu a dívida do governo com as instituições, mas afirmou que o Estado não tem condições financeiras de arcar com os recursos. Numa tentativa de dar conta do impasse, foi criado nesta manhã um grupo de trabalho que, a partir da semana que vem, irá analisar um novo valor de repasse (inferior aos R$ 25 milhões).
- Nós não temos condições, hoje, de honrar os pagamentos nesse patamar de R$ 25 milhões, que é o que está contratualizado. Por isso esse grupo de trabalho, para tentar fazer com que esse volume venha a valores que possam ser alcançados pelo Estado e correspondam ao que eles necessitam. No que faltar condições, que a gente possa buscar com o governo federal - afirmou o secretário, após a reunião.
Sem repasses do governo estadual, hospitais podem restringir serviços
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Pacientes também protestam
Do lado de fora do Piratini, enquanto políticos bradavam ao microfone, sobre o caminhão de som estacionado em frente à Catedral Metropolitana, os primos Ary Bonella, 76 anos, e Vilmar Vanin, 72 anos, representavam a população de São Marcos - município de 22 mil habitantes, próximo à Caxias do Sul, que conta com apenas um centro de saúde, o Hospital Beneficente São João Bosco.
- Viemos dar uma força, porque, com a nossa idade, a gente nunca sabe quando vai precisar de atendimento - disse Bonella, com a carteirinha do SUS em mãos.
Após corte
Centenas fazem manifestação contra corte de recursos para Santas Casas e hospitais filantrópicos
Da economia de R$ 500 milhões na saúde estadual, R$ 300 milhões seriam destinados aos hospitais
Bruna Scirea
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