Pelo menos 20 profissionais do Mais Médicos abandonaram o programa do governo federal em municípios gaúchos desde que o projeto começou, na metade de 2013. É menos de 2% do total de 1.081 profissionais que atuam no Estado. Outros 180 selecionados na primeira etapa de 2015 estão agora em processo de apresentação nos municípios. Os dados são da Secretaria Estadual da Saúde.
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De acordo com o ministro Arthur Chioro, o programa registra baixa desistência também em nível nacional e os brasileiros são os que mais desistem (10%) por causa da residência, seguido dos estrangeiros (1%) e dos cubanos (0,3%). No Estado, a maioria das desistências também é de brasileiros, caso de Jader Oliveira, médico que saiu de Pelotas:
- Foram por motivos pessoais mesmo. A minha esposa continuava morando em Santa Maria por causa da faculdade e eu fui trabalhar em Pelotas. Aí ficávamos afastados e, realmente, a distância é complicada.
Pelo menos seis dos médicos que deixaram o programa no Rio Grande do Sul são cubanos. Saíram dos municípios de Estância Velha, São Paulo das Missões, Alecrim, Anta Gorda e Porto Alegre. Há casos em que os cubanos saíram sem dar nenhuma satisfação, segundo Ângela Marmitt, secretária da Saúde de Estância Velha, na Região Metropolitana de Porto Alegre.
- O primeiro ato foi uma ocorrência policial, porque nós não sabíamos o que tinha acontecido com a doutora. E dali em diante não tivemos nenhuma outra informação dela, nem por parte das coordenações dos programas - contou a secretária da Saúde.
Equipes que atuavam com essa profissional buscaram contato pelas redes sociais e descobriram que a médica foi parar nos Estados Unidos. Situação que se repetiu em São Paulo das Missões, no Noroeste do Estado. O secretário da Saúde, Cleiton Rauber, disse que o médico cubano que abandonou o município conversa ainda com ele.
- Ele saiu do Brasil e foi para a Venezuela. A namorada dele estava lá, ela também é de Cuba. De lá, eles foram para os Estados Unidos. Quando ele saiu daqui, ficamos logo preocupados. Depois de uns 20 dias, mais ou menos, ele deu retorno, mas via redes sociais - relatou.
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A reportagem tentou contato com esse médico cubano pelas redes sociais, mas ele preferiu não gravar entrevista. Uma das explicações para que os cubanos busquem os Estados Unidos é que o país oferece um visto específico a todo médico cubano que esteja estudando ou trabalhando em uma missão em outro país, que não seja Cuba. Nos demais casos, os cubanos justificaram a desistência dizendo que voltariam para o país de origem por problemas de saúde, mas as secretarias não tiveram mais notícias do paradeiro deles. Também há caso de uma venezuelana que desistiu de atuar em Porto Alegre.
Em nota, o Ministério da Saúde disse que a cooperação técnica com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) assegura a reposição regular de médicos que tenham desistido de participar do programa. Em Porto Alegre, a Secretaria Municipal da Saúde espera que o Ministério da Saúde encaminhe dois outros médicos cubanos para substituir os que saíram.
*Zero Hora