O governador José Ivo Sartori afirmou, nesta quinta-feira, não estar arrependido de ter usado helicóptero da Uniair para um compromisso não oficial no fim de semana. No sábado, depois de participar da abertura da colheita de arroz, em Tapes, ele fez uma viagem aérea para o Litoral Norte com intuito de participar de uma feijoada de aniversário do vereador de Porto Alegre Idenir Cecchin (PMDB).
- Fiz isso com a maior naturalidade e vou continuar fazendo com a mesma naturalidade. (...) Tem questões que são da própria atividade do governo e da convivência que o governador tem que ter. Talvez eu seja diferente de outros que vão apenas nas questões oficialíssimas - afirmou Sartori, em entrevista ao Jornal Gente, da Rádio Bandeirantes.
A viagem de helicóptero - incluindo o trajeto entre Porto Alegre e Tapes - custou R$ 13 mil, segundo o Palácio Piratini. O gasto não é ilegal, mas despertou uma série de questionamentos. Os críticos argumentam que a medida revelou a contradição do governo, que prega austeridade para enfrentar a crise financeira estadual. O peemedebista afirma que o fato foi "muito pequeno para se transformar em algo tão importante".
- Nós não vamos nos pautar por pressões dessa ordem ou dessa natureza - garantiu.
Sartori aproveitou um exemplo nacional para complementar as justificativas a sua atitude. Ele lembrou que a presidente Dilma Rousseff também faz o uso de aviões e verba federal para deixar Brasília e visitar a família em Porto Alegre.
Na terça-feira, quando o episódio de Sartori se tornou público, o governo do Estado se manifestou por meio de nota. O Piratini informou que o governador optou por viajar de helicóptero, e não de carro, para chegar ao compromisso "mais rápido". A assessoria explicou ainda que as aeronaves da Brigada Militar não foram utilizadas como de costume porque uma delas estava em manutenção, e a outra, cedida para a Operação Golfinho. Depois da parada em Xangri-lá, onde ocorreu a comemoração, Sartori percorreu cerca de 70 quilômetros, de carro, até Torres, para descansar ao lado da família. O retorno para Porto Alegre, segundo a assessoria, foi de automóvel.
A prática de contratar os serviços da Uniair também havia sido usada pelo antecessor Tarso Genro. Nos últimos quatro meses de gestão, o petista voou duas vezes com helicóptero da empresa. Em novembro, "visando compromissos de interesse público", ele viajou para Xangri-lá, ao custo de R$ 9,1 mil, e para Lagoão (R$ 13 mil). O Estado possui contratos com a Uniair, empresa da Unimed-RS que presta serviços aéreos, para transporte executivo e aeromédico.