Ao expor seu programa de governo ao parlamento da Grécia, o premier Alexis Tsipras, eleito no último dia 25, disse neste domingo que o gabinete liderado por seu partido, Syriza, de extrema-esquerda, cumprirá "todas as suas promessas de campanha", ao mesmo tempo que "honrará sua dívida" graças ao "programa" que solicita dos parceiros europeus.
Entre as medidas anunciadas por Tsipras, estão a elevação gradual do salário mínimo para 750 euros (R$ 2.350 pelo câmbio de sexta-feira) até 2016. Hoje, o piso salarial é de 586 euros (R$ 1.836).
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- A decisão inabalável do governo é de honrar suas promessas. É uma questão de honra e respeito - disse o premier ao parlamento.
Tsipras garantiu que "a Grécia quer pagar sua dívida" e convidou os parceiros europeus a "vir à mesa de negociações para discutir a maneira de tornar essa missão viável". Ele reiterou que não deseja uma extensão do programa de ajuda, que expira no próximo dia 28, e sim um "programa continuado" até junho para implementar suas propostas.
- Queremos um novo acordo, um programa-ponte que nos dê o espaço fiscal exigido por uma negociação sincera - explicou.
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Tsipras anunciou que reabrirá, pela via legislativa, a ERT, rede pública de TV, fechada abruptamente em junho de 2013 pelo governo anterior. O premiê grego falou também "da obrigação histórica" de seu país de reivindicar indenizações de guerra da Alemanha, assim como a devolução de um empréstimo forçado pelos nazistas.
- Há uma obrigação moral para com nosso povo, com a História e com todos os povos europeus que lutaram e deram seu sangue contra o nazismo. Uma obrigação histórica de reivindicar da Alemanha indenizações de guerra e o reembolso do empréstimo obrigatório - denunciou, referindo-se a um montante extorquido à Grécia pelos nazistas e nunca devolvido, estimado pelo Syriza em 162 bilhões de euros, ou o equivalente à metade da dívida pública grega.
A Alemanha se nega a pagar essa quantia à Grécia, alegando que a reivindicação não tem base jurídica e que, 70 anos depois da II Guerra Mundial, já perdeu sua legitimidade.
Já o ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis, apresentará esse plano, assim como uma proposta para reorganizar a dívida, durante uma reunião extraordinária de ministros das Finanças da zona do euro na quarta-feira em Bruxelas, na véspera da cúpula europeia dos 28, da qual Tsipras participará. Varoufakis se reuniu no sábado com especialistas do banco Lazard, eleito recentemente pela Grécia como conselheiro sobre a gestão da dívida do país.