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Os dados divulgados pela SSP nesta quinta-feira revelam também o aumento de 12% no número de furtos e roubos de veículos no Estado em relação a 2013. Em 2014, foram 32.471 casos - o que significa dizer que, a cada hora, em média, três veículos foram levados por ladrões. Esta é a maior soma dos últimos oito anos - em relação aos 12 anos anteriores, o dados só não é maior do que o de 2006, quando foram contabilizados 33.841 furtos e roubos de veículos.
Outro dado alarmante se refere ao aumento de quase 100% em ocorrências de sequestro no último ano. Em 2014, foram contabilizados 34 casos - em 2013, haviam sido 18. Por outro lado, em comparação com o ano anterior, houve redução no número de latrocínios (quando se mata para roubar): foram 119 casos em 2014, contra 129 em 2013.
Mais de 90% das vítimas de homicídios tinha passagem pela polícia, diz DHPP
De acordo com o delegado Paulo Rogério Grillo, que comanda o Departamento Estadual de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), os crimes de homicídio são prioridades da Polícia Civil. O crescente número tem chamado a atenção do policial, principalmente no que diz respeito ao perfil das vítimas. Segundo ele, em mais de 90% dos casos, as vítimas já tinham passagem pela polícia por roubo, tráfico ou porte de arma.
- Disso concluímos: esses homicídios estão acontecendo por desavenças entre criminosos. O problema é que a sociedade acaba ficando exposta também. O que podemos é tentar prevenir esses crimes elucidando os casos e, com isso, diminuindo a sensação de impunidade - afirma o Grillo.
De acordo com o sociólogo Rodrigo Azevedo, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o aumento nos crimes contra a vida no Rio Grande do Sul reflete uma tendência nacional. De acordo com o pesquisador, após uma década de estatísticas em queda em todo o país, os números vêm em curva ascendente desde 2012. Entre os motivos listados por Azevedo, estão o esgotamento das políticas de Segurança Pública, a morosidade da justiça criminal e o descontrole nos presídios - segundo ele, superlotados e dominados por facções criminais.
- O nosso modelo de policiamento e a desconexão entre o policiamento ostensivo e a investigação criminal não foram enfrentados, e não há até agora iniciativas importantes em relação a isso - avalia o sociólogo.
A este complexo contexto, Azevedo ainda acrescenta outro fator: a questão do controle de armas no Brasil. Conforme o pesquisador, após a legislação de 2003, a polícia atuou com foco no recolhimento de armas e nos crimes de porte ilegal no país - ações que deixaram de ser prioridade nos últimos anos, acredita.
- Diferentemente da manifestação do secretário Wantuir Jacini (Segurança Pública), que colocou a responsabilidade dos dados divulgados na figura do usuário de droga, acredito ser mais viável e efetiva uma política de controle de armamento, que tem sido deixada de lado nos últimos anos - afirma.
* Zero Hora
Insegurança
Número de homicídios no RS em 2014 é o maior desde 2002
Conforme a Secretaria de Segurança Pública, houve um aumento de 22% no número de casos no último ano em relação a 2013
Bruna Scirea
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