Uma das mais importantes e queridas cantoras do Rio Grande do Sul, Lourdes Rodrigues morreu na noite desta quarta-feira, aos 76 anos. A Dama da Canção, como era chamada, estava internada desde o começo de setembro no Hospital São Francisco, na Santa Casa, em Porto Alegre.
Recentemente, havia passado por seis cirurgias e seu estado de saúde piorou no último domingo, quando complicações da diabetes a levaram a amputar a perna esquerda. Lourdes deixa uma filha, cinco netos e oito bisnetos.
Com o objetivo de arrecadar recursos para o tratamento da cantora, foi realizado em 13 de outubro um show beneficente no Centro Histórico Cultural da Santa Casa que reuniu vários artistas gaúchos, entre eles Adriana Deffenti, Marcelo Delacroix, Samuca do Acordeon, Giovani Berti, Nei Lisboa e os irmãos Ernesto e Neto Fagundes. Pouco mais de R$ 3 mil foram levantados para ajudar nas despesas hospitalares não cobertas pelo convênio que ela possuía com o Instituto de Previdência do Estado (Ipe).
Problemas de saúde não afastam Lourdes Rodrigues de uma intensa vida
artística
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Desde 2012, a cantora vivia principalmente de uma pensão especial do Estado, por sua contribuição artística. Embora não tenha conseguido assistir ao show, Lourdes acompanhou tudo por skype e agradeceu o carinho dos fãs e amigos com um cartaz pendurado na janela do quarto do hospital. Da cama, ela sorria e abanava para os convidados.
Nascida em Santa Maria, em 4 de janeiro de 1938, Lourdes mudou-se com a família, ainda criança, para Porto Alegre. Passou a maior parte da vida na capital gaúcha, mas em 2005 mudou-se para Imbé, no Litoral Norte. Sua companhia mais constante era a empresária, amiga e cuidadora Maria Beatriz Barth Presser, que lhe ajudou a conseguir a pensão do estado e organizou o show beneficente.
Veja algumas fotos da cantora:
Lourdes consagrou-se como cantora da noite, com inúmeros shows realizados, mas gravou apenas dois discos: o LP Utopia, de 1985, e o CD Dona Divergência, lançado no final de 1999. Em 1998, participou do disco Porto Alegre Canta Tangos. Além de cantora, foi professora em duas escolas estaduais. Casou-se duas vezes, com Luiz Octávio, crooner do Conjunto Melódico Norberto Baldauf, com quem teve uma filha e de quem se divorciou (Alemão Octávio, como era conhecido, morreu em 2013). Lourdes era viúva do segundo marido, o ex-jogador do Internacional Ezequiel.
Apesar dos problemas de saúde - dificuldade para caminhar, diabetes e problemas no coração -, em abril deste ano a cantora exibiu uma agenda de shows cheia ao repórter de Zero Hora, que a visitou em Imbé para escrever seu perfil.
- Eu me considero, graças a Deus, uma vitoriosa. Outras cantoras dizem: "Vou deixar a música, porque não dá". Para mim, sempre deu. O telefone está sempre tocando, estou sempre trabalhando. E vou dizer uma coisa: não sei parar - disse ela na ocasião.
Em 24 de abril, o Prêmio Açorianos de Música lembrou o centenário de Lupicínio Rodrigues com uma homenagem a Lourdes, uma das maiores intérpretes do compositor e também madrinha de seu filho, Lupinho. Ela apresentou a canção Nunca. Foi sua 54ª distinção em 62 anos de trabalho.
* Zero Hora