Porto Alegre planeja uma atração prevista para antes da Copa do Mundo que promete atrair mais turistas locais do que forasteiros.
Uma linha do catamarã vai ligar o centro da capital gaúcha ao Parque Estadual de Itapuã em pouco mais de uma hora, e facilitar o acesso a um dos mais belos refúgios naturais da Região Metropolitana.
Quem viaja diariamente pela embarcação já está acostumado, mas é sempre bom redescobrir que Porto Alegre está rodeada de uma imensidão de água. Essa sensação pôde ser sentida durante a primeira viagem realizada ontem por membros da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), da empresa CatSul, que realiza a travessia de passageiros entre Porto Alegre e Guaíba, e a imprensa.
O percurso de 57 quilômetros, que teve a companhia de dezenas de biguás, revela um lado diferente da cidade, e tornará a ida ao parque mais fácil e confortável. A ideia é realizar passeios aos finais de semana, com opções de saída no início da manhã e da tarde e retorno ao meio dia e ao final da tarde. A embarcação comporta 120 passageiros. Hoje, quem vai de carro por Viamão costuma levar, com alguma sorte, cerca de uma hora.
VÍDEO: Veja imagens do passeio para Itapuã
Com a previsão de receber um novo volume de pessoas a curto prazo, a Sema precisará resolver problemas crônicos da área de preservação que ocupou batalhas da Revolução Farroupilha. Será construído um píer para embarque e desembarque em um porto desativado desde a década de 1940 na Praia das Pombas, que será financiado com verbas oriundas de medidas compensatórias recolhidas de outras obras.
- Para haver preservação ambiental, as pessoas precisam conhecer o local. Queremos mais pessoas descobrindo o parque - afirma o secretário estadual de Meio Ambiente, Neio Lúcio Pereira.
Adequações também estão previstas para, finalmente, abrir ao público a praia da Pedreira (onde fica o famoso farol de Itapuã, na divisa do Guaíba com a Lagoa dos Patos), e mais tarde a de Fora, atualmente fechadas para visitação. A primeira sofre com problemas de abastecimento de água, já a segunda, de falta de energia elétrica.
O plano de manejo do parque prevê o uso de energias limpas. Deveria ser eólica, mas os cata-ventos foram destruídos com o tempo, então será feita uma tentativa com painéis solares. Há a intenção de rever o plano, que limita a visitação a 1,4 mil pessoas - 350 na praia das Pombas, 350 na Pedreira, e 700 na de Fora. Também será criada uma forma de comprar entradas pela internet, para evitar que pessoas se desloquem até o local e não possam entrar devido à capacidade limitada das praias.
O farol de Itapuã - Foto: Fernando Gomes/Agência RBS
Detalhe ZH: local foi terreno da Revolução Farroupilha
Para tocar as águas da Lagos dos Patos e possibilitar a vista do farol de Itapuã, a rota poderá ser estendida em alguns quilômetros, ultrapassando a Praia das Pombas. A região foi peça chave durante a Revolução Farroupilha. Na tentativa de impedir a passagem de navios imperiais vindos do Rio de Janeiro, os farrapos se defendiam em fortes naturais de granito na Ilha do Junco e no Morro da Fortaleza.
Em 1836, 32 soldados farrapos morreram no Morro da Fortaleza, vítimas de um ataque imperial. Segundo Tiago Loch, gestor do Parque Estadual de Itapuã, há quatro embarcações naufragadas na área, onde já foram encontradas balas de canhão e baionetas.