O Departamento de Esgotos Pluviais de Porto Alegre (DEP) vai retomar nesta segunda-feira (2) as obras no dique que rompeu na madrugada de sábado, no bairro Sarandi, na zona norte. Na tarde deste sábado (31), a contenção foi refeita emergencialmente com a colocação de pedras e areia. O material foi transportado por 35 caminhões. Nos próximos dias, a estrutura será reforçada. O objetivo é construir uma barreira definitiva, mas ainda não há previsão para a ação, que precisa de tempo seco para ser efetuada.
Na tarde deste domingo (1º), um boato de que o dique havia se rompido novamente deixou moradores apreensivos e causou correria nos pontos atingidos por alagamentos. Técnicos do DEP foram até o local e afirmaram que não há risco de novas enchentes mesmo se chover nas próximas horas.
- Não há nenhum risco do rompimento do dique. A casa de bombas também está funcionando na região e a água está baixando. Nós estaremos monitorando durante a noite de plantão, mas, segundo nossos engenheiros técnicos, não há risco desse dique romper mesmo com o advento da chuva - afirma o diretor-geral do DEP, Tarso Boelter.
Dia de limpeza e reconstrução
Em diversos pontos do bairro Sarandi atingidos pela chuva, o domingo foi de faxina e reconstrução. Os estragos começaram a ser contabilizados. A água subiu mais de um metro em alguns locais e o que não foi retirado acabou embaixo d¿água.
- Eu tenho dois carros na garagem que uso pra trabalhar e eles não estão funcionando. No porta-malas de um estava todas as minhas ferramentas que também estragaram - relata o serralheiro João Luis Rodrigues. A água invadiu a casa dele e estragou móveis e eletrodomésticos.
Só pensamos em ajudar
Em um terreno com duas casas, a água não só causou prejuízos para os moradores da residência principal, como para a que é alugada nos fundos do pátio. Os estragos superaram os R$ 10 mil. Três botes, pertencentes à família Vargas, foram utilizados para resgatar quem não pode sair de casa após a inundação.
- Era madrugada e a gente só pensava em salvar as pessoas. Carreguei no colo gente que estava na cama, grávida, idoso, crianças. Acho que o socorro demorou - afirma o autônomo Diogo Vargas.
Ainda longe de casa
Mesmo que o nível da água que transbordou do arroio Feijó esteja baixando, algumas residências ainda não oferecem as condições suficientes para que os moradores retornem. Por isso, cerca de 200 pessoas ainda estão abrigadas em dois locais. Mais de 170 estão na escola Liberato Salzano Vieira da Cunha. No local, são distribuídos agasalhos e comida para os atingidos.
Os demais estão na Escola João Goulart. Eles estão no segundo andar do estabelecimento, já que o primeiro foi atingido pelas águas no último sábado. Segundo relatos, a energia elétrica foi desligada no prédio e as oito famílias não estão recebendo auxílio.
- Queremos que alguém venha até aqui para aplicar vacinas, como estão fazendo na outra escola. Perdemos tudo. Não consegui tirar nada de casa - conta a faxineira Valdiniza de Souza.
A orientação da Defesa Civil é que as famílias que estão nesta escola se dirijam para a Liberato Salzano Vieira da Cunha.
Além dos atingidos em Porto Alegre, o alagamento também deixou moradores do bairro Aparecida, em Alvorada. As causas do rompimento do dique serão apuradas nos próximos dias. Há a suspeita de que o local tenha sido alvo de sabotagem.
Gaúcha
Obras no dique que rompeu na zona norte da capital serão retomadas nesta segunda
Estrutura será reforçada até construção de uma represa definitiva
Mateus Ferraz
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