Dois anos depois da denúncia do Ministério Público, protetores dos animais voltaram a pedir justiça pelos gatos vítimas de maus tratos em Coronel Barros, no noroeste gaúcho. Segundo o MP, há evidências de que cinco animais foram estrangulados e mortos por um homem entre 2021 e 2022. Alguns tiveram os corpos ocultados.
Membros de três organizações não-governamentais (ONGs) e uma associação de proteção ao direito animal se reuniram em frente ao Fórum de Ijuí para pressionar por uma sentença ao acusado, que participou da primeira audiência de instrução do caso na terça (26).
Os manifestantes levavam cartazes contra maus tratos e fotos do gato "Sargento", um dos adotados pelo acusado que acabou resgatado mais tarde com inúmeras lesões.
Na audiência presidida pelo juiz Eduardo Giovelli, sete testemunhas foram intimadas a depor — seis foram ouvidas e uma não compareceu.
Por isso, uma nova audiência foi agendada para 25 de fevereiro, quando a última testemunha deve ser ouvida, assim como o réu, que participou por videoconferência. Após a nova audiência ocorre a manifestação das partes e, somente após disso, a sentença.
— Espero que esse caso seja levado a sério. Animais sentem dor, sentem fome, sentem frio, têm sentimentos, não porque são menores que a gente que podemos tratar eles como queremos. Na verdade, é uma covardia que extrapola os limites. O jeito que você trata os animais demonstra que tipo de ser humano você é — disse Aline Conrad, protetora e criadora do grupo Gateiros de Ijuí.
Jussara Forgiarini era a tutora do gato Sargento e o doou após o homem ir até a residência dela, em Santo Ângelo, e insistir pela guarda do animal. Ela resgatou o felino depois que soube dos maus tratos.
— Eu espero que a Justiça faça alguma coisa porque meu sofrimento foi muito grande quando ele me entregou o gato naquele estado, com as pernas e os dentes quebrados e o nariz daquele jeito. Eu tive sorte de resgatá-lo, foi um milagre — disse a tutora.
O que diz a defesa
O advogado de defesa José Altemar Elias da Silva, afirmou que o acusado Fernando Adolfo Ketzer, 36 anos, não cometeu maus tratos e que nunca machucou nenhum gato sequer.
— Ao contrário, sempre foi cuidadoso com os animais. Isso tudo é um grande mal entendido e será provado nos autos do processo — afirmou.
Relembre o caso
Conforme a denúncia do MP, o acusado praticava os crimes da seguinte forma:
- Analisava publicações nas redes sociais, onde cuidadores publicavam que tinham gatos para doação.
- Através desses anúncios, entrava em contato e explicitava o interesse em adotar os felinos.
- Depois do contato prévio, o denunciado ia até o local indicado, persuadia o responsável, manifestando, de fato, o desejo de adotar o animal. Quando já estava na guarda do gato, ele comunicava que o felino havia fugido, desaparecido ou morrido.
Após denúncias de protetores que passaram a trocar informações e desconfiar da ação, a investigação apontou que o homem matava os animais através de estrangulamento ou outros meios e, depois disso, retornava às redes sociais para adotar novos animais.
À polícia o homem declarou que praticou alguns delitos em razão de ter ficado irritado com os miados dos animais.
Conforme o juiz Eduardo Giovelli, o acusado segue em liberdade e atualmente mora e trabalha no Pará. Ele cumpre algumas medidas cautelares, como não manter contato com testemunhas ou vítimas, não manter posse ou propriedade de animais domésticos e nem se aproximar ou fazer contato com grupos que ofereçam animais para doação.