Desculpem os leitores que não gostam de ler sobre futebol, desvio assim do fulcro essencial desta coluna para tratar de um assunto urgente: o caos que se instala na Arena do Grêmio quando dos vários jogos que já houve lá.
Sábado, na partida contra o Lajeadense, assisti com meus olhos à balbúrdia administrativa que se estabeleceu antes e durante a partida.
Milhares de torcedores esperaram por duas horas em longa fila para entrar no estádio.
Além disso, depois dessa torturante demora, culpa do Grêmio, havia torcedores que chegavam finalmente na bilheteria e ouviam a voz extorsiva dos raros bilheteiros: "Desculpe, mas já não há ingressos mais baratos, só temos ingressos caros para vender".
Mentira e extorsão. Chantagem. Mentira, porque o estádio estava vazio, como podia não haver mais ingressos baratos?
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A fila de torcedores era imensa, mas é lógico que o fosse: havia três bilheterias abertas, tão somente.
Resultado do caos: uma multidão de torcedores só pôde assistir ao segundo tempo, uma absurdo gigantesco.
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Ontem, no Sala de Domingo, a que compareci, o setorista do Grêmio para ZH, Henrique Benfica, para meu espanto, disse duas vezes que a organização da Arena na hora do jogo não está a cargo do Grêmio. Mas a cargo de quem estará? Se o Grêmio não pode administrar a Arena na hora do jogo, é melhor romper o contrato e voltar para o velho e querido Olímpico. Lá havia ordem.
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Faço um desesperado apelo ao presidente Fábio Koff: intervenha imediatamente, presidente, nesta balbúrdia.
Pode ser que a Arena não seja do Grêmio, como o próprio Koff declarou. A Arena não é do Grêmio, mas a vergonha é do Grêmio, diante dessa confusão em que se tornou o estádio desde a inauguração.
Intervenha, presidente Koff. Esfregue esta coluna nas caras dos seus interlocutores. É a hora de virar a mesa com a OAS e estabelecer um fim a essa desordem.
E essa tal de OAS que fique de uma vez por todas sabendo: ela pode lucrar uma fortuna com esse contrato, pode nos arrancar o Olímpico na marra ou na escrita, mas deixe o Grêmio administrar os jogos nos dias das partidas. Ovelha não é para mato.
Parem com essa esculhambação!
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O comentarista Wianey Carlet e o narrador Marco Antônio Pereira disseram no microfone da Gaúcha, ao fim do jogo contra o Lajeadense, que não era o dia de Barcos, o centroavante não estava bem.
Ora, se os dois escolheram com justiça Zé Roberto como a maior figura da partida, se Barcos foi o construtor, idealizador e costurador dos dois gols de autoria de Zé Roberto, como é que Barcos não estava bem? Se as duas jogadas mais eficazes do jogo, as que redundaram nos dois únicos gols, foram de autoria prodigiosa de Barcos, como ele poderia estar mal na partida?
Marco Antônio e Wianey viram outro jogo, que eu não vi. Barcos não jogou bem em Caracas, mas no sábado esteve estupendo.
Como eu escrevi há dias, lembrando o que disse o genial Nelson Rodrigues a respeito disso, a maioria dos jornalistas esportivos é constituída de pessoas não afeitas ao futebol e meros palpiteiros.
Foi o Nelson Rodrigues que escreveu, não fui eu. Mas estava ele com a razão, declaro.
Opinião
Paulo Sant'Ana: "Extorsão na Arena"
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