O fenômeno Sandy tocou a terra como uma tempestade extratropical na noite de segunda-feira na região leste dos Estados Unidos, deixando um saldo de 16 mortos, além de inundações e um grande apagão em Nova York. Sandy impactou Atlantic City (Nova Jersey) com ventos de 130 km/h e deslocamento a 37 km/h, segundo o Centro Nacional de Furacões (CNH).
Pelo menos 15 pessoas morreram na costa leste dos Estados Unidos e uma no Canadá depois que o furacão tocou a terra, provocando fortes chuvas e violentas rajadas de vento.
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No estado de Nova York, Sandy matou cinco pessoas, incluindo um homem de 30 anos atingido pela queda de uma árvore no Queens, revelou um porta-voz do governador Andrew Cuomo. Em Nova Jersey, as duas vítimas fatais também foram atingidas por uma árvore, que caiu sobre um carro no condado de Morris, segundo os serviços de emergência.
Duas pessoas morreram na Pensilvânia, uma atingida por árvore e outra no desabamento de uma casa, informaram as autoridades locais.
No Atlântico, na costa da Carolina do Norte, um tripulante de um veleiro réplica do HMS Bounty morreu no hospital após ser resgatado no mar e levado a um hospital. O capitão do barco permanece desaparecido.
Em Maryland, uma mulher bateu com o carro em uma árvore e faleceu; e na Virgínia Ocidental, outra mulher, de 48 anos, colidiu com um caminhão em meio a uma tempestade provocada por Sandy, informou a polícia.
Na cidade canadense de Toronto, mais ao norte, uma mulher faleceu ao ser atingida por um objeto que se desprendeu com o forte vento.
Na passagem pelo Caribe, a tormenta já havia provocado 66 mortes.
Sandy ainda provocou alagamentos em diversas áreas do sul de Manhattan, com vários bairros submersos e grande parte da região sem energia elétrica. Conforme a CNN, 2,2 milhões de pessoas ficaram sem luz na regiões de Washington, Baltimore, Filadélfia, Nova York e Boston.
Veja a imagem de satélite da tempestade em movimento
Em entrevista coletiva, o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, confirmou que vários bairros do sul de Manhattan estavam sob as águas e sem eletricidade. No East River e no Hudson River, os túneis foram inundados por fortes ventos e pela chuva torrencial que caiu sobre a cidade. Em algumas partes da metrópole, o volume de água atingiu 4,2 metros, mas começava a baixar na região de Wall Street já no início da madrugada. A Bolsa de Valores fechou, milhares de voos foram cancelados, o metrô parou e as luzes da Broadway foram apagadas.
- Um guindaste que eu via da minha janela na construção de um prédio de 70 andares quebrou - contou a guia de turismo mineira Alba Mattos Presas, referindo-se ao equipamento que pendia perto do Central Park.
Bloomberg ordenou a retirada de mais de 375 mil pessoas nas regiões de risco, como as proximidades do Battery Park, Queens e Brooklyn. Mais de 1,1 milhão de crianças ficaram sem aula, e 76 escolas públicas foram adaptadas em abrigos, segundo o jornal The New York Times.
Veja fotos dos transtornos que já foram causados pelo furacão
A supertempestade, como está sendo chamado o fenômeno, se torna, às vésperas do Dia das Bruxas, ainda mais assustadora por conta do encontro de Sandy com uma massa de ar frio vinda do Canadá. Havia previsão de neve para os Estados de Virgínia Ocidental, Pensilvânia e Ohio.
A fotógrafa Cibele Vieira mora no Brooklyn, a uma quadra do bloco onde a evacuação foi obrigatória.
- O furacão está aqui, no momento mais intenso. Recebemos uma mensagem do governo por celular para permanecer em casa. Vejo muito vento pela janela do apartamento. Meu marido saiu por volta das 20h30min com o cachorro e viu árvores caídas nos parques. Estamos sem internet, só os celulares estão funcionando. Mas estamos bem, só cansados de ficar em casa.
Doutoranda em História na UFRGS e bolsista na Universidade de Nova York, Marina Araujo contou que as primeiras notícias não assustavam. Mas só as primeiras:
- Ainda no sábado, um grupo de brasileiros se divertia com os cartazes que indicavam que os supermercados já não tinham mais água, pilhas ou pão. O clima estava tenso no domingo pela manhã. O possível horizonte para os próximos dias se resume a encher a banheira para reservar água, comer enlatados por dois dias e ter nossos smartphones como único meio de comunicação com o mundo exterior.
Estima-se que 50 milhões de pessoas estejam na rota do furacão, na área que vai de Virgínia a Massachusetts.