Foi com uma estratégia que apelou ao público local que o Comitê Rio 2016 alcançou seu objetivo e atingiu a marca de 2 milhões de ingressos vendidos para a Paraolimpíada. O número de bilhetes comercializados só é menor do que o de Londres 2012, em que 2,7 milhões de entradas foram comercializadas.
Os organizadores sabiam que o percentual de espectadores do país-sede nos Jogos Paraolímpicos é maior do que na Olimpíada. Trabalhavam com a ideia de que 80% dos torcedores seriam brasileiros, sendo que a maior parte deles do Rio. No evento irmão, a proporção histórica é de 70% de locais e 30% de estrangeiros.
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A presença tupiniquim na Paraolimpíada tem sido ainda mais expressiva, chegando a 90% do público. É o resultado de um plano bem executado pelo Comitê.
– O sucesso dos Jogos Olímpicos contribuiu para nossa estratégia. Como o valor dos ingressos é menor na Paraolimpíada (os ingressos mais baratos custam R$ 10), o espectador consegue trazer a família. Passamos a mensagem de que o evento é uma última oportunidade de conhecer várias arenas que são temporárias – explica Donovan Ferretti, diretor de ingressos do Comitê Rio 2016.
O Parque Olímpico da Barra da Tijuca, principal centro de competições dos Jogos, foi o atrativo principal. Ao perceber, ainda na Olimpíada, que o público chegava a ficar até oito horas no Parque, ou seja, não se limitava a assistir a competição para a qual tinha ingressos, os organizadores fizeram ajustes. Instalaram uma área para recreação infantil em meio às alamedas, já prevendo a presença de famílias. A experiência de passear pelo local e admirar as novas arenas foi ponto decisivo para o sucesso. Não à toa os ingressos para competições no Parque nos dois finais de semana de Paraolimpíada se esgotaram, em mais uma mostra de que os locais foram predominantes e aproveitaram os dias de folga para prestigiar o evento. Nos dias 10 e 11, a forte movimentação de torcedores chamou a atenção, em cena que deve se repetir nos dias que encerram o evento.
– As pessoas tinham esse interesse de conhecer o Parque, vivenciar aquele espírito. Isso teve um peso grande. Há uma série de atrações além das competições, como os estandes de patrocinadores e a convivência com gente do mundo inteiro – destaca Ferretti.
Ainda assim, uma reclamação persistiu de um evento para o outro.
– Eu gostei muito do público no Parque e de todas as instalações. O único ponto negativo foi a comida, que era ruim e cara demais – relata Carlos Augusto Toledo Martins, que assistiu ao basquete e à esgrima em cadeira de rodas.
Críticas à parte, o cenário do Parque lotado foi motivo de comemoração, ainda mais por parecer improvável há alguns meses. A baixa procura por bilhetes da Paraolimpíada preocupou, mas já havia uma ideia de que o perfil do público brasileiro é o de aguardar até o último momento para comprar, algo que também ocorreu na Olimpíada.
– A gente percebeu uma venda mais forte próxima aos Jogos. Nós já espáravamos esse comportamento. É um pouco da cultura nossa de compra, e é algo que vimos que é do perfil sul-americano. Na Olimpíada, tivemos um grande aumento de vendas para países como Argentina e Chile pouco antes do evento – conta Ferretti.