Forçando um pouco a barra, eis aí um "quase" que, para a evolução da ginástica artística masculina no país, vale como pódio. O Brasil ficou sem medalha de ouro, prata ou bronze na final por equipes da Rio-2016, mas só o fato de ter alcançado a inédita condição de disputá-las já foi um marco. Portanto, pode-se dizer que foi um honroso sexto lugar.
O ouro ficou com o atual campeão mundial, o Japão, liderado pelo genial Kohei Uchimura, 27 anos, que acerta quase tudo. Uma vitória com sobras: 274.094 pontos. A prata foi para a Rússia (271.453), deixando o bronze no peito dos chineses (271.122). Para o Brasil, chegar à frente da poderosa Alemanha e da tradicional Ucrânia foi um resultado honroso.
– Temos de ser sinceros: não tínhamos nenhuma esperança. Não tínhamos a menor chance de medalha. Esse resultado, para o Brasil, é espetacular. Fizemos a nossa parte – admitiu Arthur Zanetti.
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A luta brasileira por medalhas na ginástica masculina ainda não terminou. O Brasil classificou cinco ginastas nas finais por aparelhos. Arthur Zanetti tem muita chance de ser bicampeão olímpico nas argolas, em 15 de agosto. Diego Hypolito e Arthur Mariano competem, no solo, no dia 14 de agosto. Francisco Barreto está na final da barra fixa. E Sérgio Sasaki tem pela frente a impossível tarefa de enfrentar Uchimori, ouro em Londres no individual geral.
– Temos de ir passo a passo. Nunca tínhamos chegado até aqui. Em 2020, será deste sexto lugar para cima. É uma classificação que nos dá muito orgulho mesmo. Fomos além – afirmou Diego Hypólito.
O Brasil não teve quedas na competição por equipes, como já ocorrera nas classificatórias. A passagem dos cinco atletas brasileiros nos seis aparelhos (paralelas, barra, solo, cavalo com alças, argolas e salto sobre a mesa) foi limpa. Na ginástica, parte-se de uma nota comunicada aos árbitros, e os erros de execução dos exercícios vão descontando pontos até o resultado anunciado no telão. Na final por equipes, cada país designa três ginastas por aparelho. As três notas são computadas para efeito de média geral, sem descartes.
Como o Brasil nem sempre arriscava uma nota de partida alta em cada aparelho, às vezes a torcida não entendia como japoneses e americanos, com erros claros, terminavam com pontuação final maior. Em resumo: quanto mais difícil a série, mais chance de seduzir os árbitros e ganhar nota alta. O Brasil foi conservador neste aspecto, e nem poderia fazer diferente. Bateu no seu teto em termos técnicos.
Foi o que fizeram russos, japoneses e americanos: ousaram. O japonês genial, Kohei Uchimura só tirou notas altas em todos os aparelhos. Voava sempre mais alto, assumindo risco. Nem sempre a maior, mas sempre lá em cima. Ele é o atual campeão olímpico no individual geral, além de ostentar seis títulos mundiais em aparelhos diversos.
A torcida veio abaixo quando Arthur Zanetti arrasou nas argolas, com nota ótima (15,566), a maior dentre os brasileiros em todos os aparelhos. Voltou a sorrir com mais uma bela apresentação, sem falhas, de Diego Hypolito, no solo (15.133). Novamente, ao contrário de Pequim e Londres, ele não caiu. Mas, numa competição por equipes, para brigar por pódio, só duas passagens exemplares é pouco.
Que venham as finais individuais por aparelho.