Bonitas arenas, necessárias obras de mobilidade e razoável evolução dos atletas. Tudo isso ficará da Olimpíada Rio 2016, assim como o impacto sobre uma modalidade que passa quase à margem dos Jogos. O futebol costuma ser um “patinho feio” do evento, abandonado em um torneio sub-23 que muitos não dão importância. Para o Brasil, porém, pode começar da campanha no Rio de Janeiro a recuperação de sua combalida seleção.
Há um sopro de modernidade no time de Rogério Micale. Vê-se na aproximação para jogar, na solidariedade com o companheiro que tem a bola e enxerga opções para dar sequência às jogadas. Os toques são curtos e, com isso, respeitam nossa história.
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Hoje, para jogar assim, não basta juntar um bando de jogadores técnicos sem alguma ordem. É preciso conferir algum método ao caos, dar coordenação às trocas de posições, estabelecer uma mecânica que permita o improviso, mas não dependa dele.
Ao juntar quatro atacantes no mesmo time e, mesmo assim, sofrer apenas um gol em toda a competição, esse Brasil olímpico dá tapa de luva em quem acha que basta acumular marcadores para uma equipe marcar bem (ainda que colocar um Walace no meio-campo dê uma ajudinha). Basta posicionar, contar com a disciplina dos talentosos e entender que o futebol se faz em conjunto, especialmente a tarefa de se defender.
Há quem vá reclamar que os adversários eram fracos. Não interessa. O modelo para construir um time condizente com o futebol que se pratica no mundo está aí. Tite sabe colocá-lo em prática – e, provavelmente, teve muito a ver com o que se viu do time de Micale. A boa Olimpíada do futebol do Brasil dá a receita para a recuperação da Seleção principal.