– O remo no Brasil vive um momento bem complicado.
É com essa frase que Fabiana Beltrame, campeã mundial, resume sua modalidade no país que, daqui a pouco mais de oito meses, sediará os Jogos Olímpicos, no Rio.
Frustrada com o mínimo avanço feito pelo esporte no Brasil, mesmo sendo sede do maior evento do mundo, a remadora perdeu até a chance de disputar a Olimpíada em sua categoria, já que o skiff leve simples não faz parte do programa e, nas duplas, não conseguiu encontrar uma parceira à altura.
O Estádio na Lagoa Rodrigo de Freitas, palco das competições no Rio, sofreu um problema nas obras da torre de chegada e da garagem dos barcos, atrasadas por falta de verbas. Se não bastasse, a qualidade água no local é contestada, assim como a da Baía de Guanabara.
– É muito triste. Eu sempre falo que tínhamos a oportunidade nas mãos de ter os Jogos no Brasil e conseguir uma estrutura que ficasse para o remo. Essa oportunidade passou e a gente não agarrou. Desde o início tudo foi feito de uma maneira muito errada. Toda a estrutura será temporária e ainda está atrasada. A gente deixou passar o legado, que é tão importante. Esse seria o principal motivo de ter um evento desse no país – disse Fabiana, em entrevista ao LANCE!.
Em 2011, a atleta levou o ouro no Mundial em Blend, na Eslovênia, na categoria skiff leve simples. Como essa disputa não faz parte do programa olímpico, a segunda opção de Fabiana seria o skiff duplo, mas a falta de estrutura no país não permitiu que ela encontrasse uma boa parceira. Agora, ela tentará se classificar no Pré-Olímpico de março no skiff pesado individual.
– Isso (falta da dupla) frustra bastante. Já sofri bastante com isso. Desde que me tornei leve, em 2010, sempre competi no skiff, mas olhava outras meninas para formar uma dupla olímpica. Umas vinham, desistiam, não treinavam como deveriam... Essa é uma frustração grande que tenho – falou.
A atleta assume que suas chances de medalha são pequenas, mas, mesmo assim, quer tentar dar alegrias para a torcida brasileira.
Confira um trecho da entrevista com a principal atleta do remo no país:
Como vê a estrutura do remo no Brasil atualmente?
É complicado. O remo nunca teve resultados expressivos, mas agora está pior. Minha prata foi a única do Brasil no Pan de Toronto. Falta uma coisa que está começando a ser feita agora, que é o planejamento a longo prazo. Agora está mudando um pouco.
Será sua última Olimpíada?
Com certeza. E sou bem realista, conseguir uma medalha é praticamente impossível. Foi uma mudança de categoria de última hora. Uma final já seria um ótimo resultado.
A torcida faz a diferença?
Me lembro de Londres, onde a torcida compareceu em massa. Vários barcos britânicos estavam atrás e, quando viam a multidão gritando, venciam. Fiquei arrepiada de pensar na torcida me incentivando. Vou tirar forças não sei de onde para dar orgulho à torcida.
E como está a ansiedade?
São várias questões juntas. Ser minha ultima Olimpíada, competir em casa... É um turbilhão de emoções e a minha motivação parte exatamente disso.
*LANCEPRESS!