A análise dos resultados dos Jogos Pan-Americanos necessita de uma leitura muito especial. Há similaridades grandes e diferenças oceânicas em relação às Olimpíadas. Da mesma maneira que toda a medalha deve ser saudada, é muito importante que ela não sirva para iludir. O Brasil, como um todo, tem mais é que comemorar os resultados, as medalhas e os recordes que estão sendo obtidos em Toronto. Como não vibrar com Marcel Stürmer, o gaúcho tetra de ouro na patinação, com Thiago Pereira e a maior coleção de medalhas que alguém tem em "Pans" ou com o judô que traz 13 em 14 medalhas possíveis?
Não importa que estas modalidades tenham seus campeonatos mundiais, hierarquicamente mais importantes, ou os insuperáveis torneios olímpicos, ápice de todas as modalidades, exceto o futebol masculino. Por tradição, a visibilidade dos Pan-Americanos no Brasil só é menor que a dos Jogos Olímpicos. Outros países não dão tanta atenção, mas nós damos é isto é que interessa. É óbvio que o número de conquistas no Canadá será reduzido em muito no Rio 2016 o que não tira em nada o merecimento dos vitoriosos de agora. O Pan não engana, ele sinaliza caminhos. Isto precisa ser compreendido e não cobrado daqui a um ano. Se o judô diminuir em mais da metade e chegar a cinco medalhas olímpicas, já merecerá feriado no ano que vem. Thiago Pereira, fazendo bonito em finais e beliscando uma medalhinha no Rio, já será novamente motivo de orgulho. Já o gaúcho Marcel, pode apenas lamentar pois sua modalidade, que certamente o teria como favorito, não está na programação olímpica carioca que premia esportes como o golfe para exibição.
Até agora estamos bem no ensaio. Terminaremos com excelentes números, quem sabe na terceira colocação no quadro geral. Outras feras estão aí ou nem estrearam ainda. É hora de curtir o Pan e seus heróis, de conhecer nomes que estarão no Rio 2016, mas nada de comparações exageradas.
*ZHESPORTES