A Terceirona Gaúcha completa duas semanas de paralisação neste sábado (9). A competição entrou em trâmite judicial quando o Farroupilha apelou ao STJD para recuperar oito pontos perdidos no TJD-RS pela escalação irregular de jogadores em duas partidas da fase de grupos.
Enquanto não houver julgamento no Pleno do Tribunal, no Rio de Janeiro, a Terceirona não pode ter continuidade, gerando angústia para o futuro de Gramadense, Real Tramandaí, Riograndense e São Paulo.
As consequências em Rio Grande
O clube beneficiado pela perda de pontos do Farroupilha foi o São Paulo, que acabou terminando a fase classificatória na segunda colocação do Grupo B, com sete pontos.
O time de Rio Grande, porém, está preocupado por ter de ampliar seus gastos com a paralisação da competição.
— Uma dificuldade louca. Era complicado programar as despesas esperadas, agora imagina tendo esse Kinder Ovo aberto, que pode apresentar mais surpresas. Não temos muito planejamento, vamos dando sequência como podemos, buscando recursos daqui e dali — afirmou o presidente Paulo Costa.
A preocupação é compartilhada por Paulo André Neves, presidente do Riograndense, rival local do São Paulo e primeiro colocado no Grupo A. Ele sabe que disputará o acesso contra o Real Tramandaí, mas não quando os jogos de ida e volta serão realizados.
— O Riograndense não deve nada para ninguém, mas não temos dinheiro sobrando. Para jogar em casa, são R$ 3 mil de arbitragem, R$ 700 de encargos no borderô, segurança, marcação de gramado. Cada jogo em casa é R$ 5 mil, em média, que não conseguimos tirar na bilheteria. Nas viagens, tem ônibus e alimentação. Se há uma nova despesa, compromete o próximo ano — comentou o presidente do Riograndense.
O Guri Teimoso, apelido do clube, tem uma despesa mensal de R$ 50 mil, que envolve salários dos jogadores, aluguéis de apartamentos, alimentação e manutenção do estádio. Na projeção do presidente, embora não tenha os gastos dos jogos em casa, será necessário arrecadar mais R$ 50 mil para suprir as necessidades do clube.
No Grupo A, equipes classificadas apostam no planejamento
O Real, de Tramandaí, é o único clube que programou jogos-treino para este período de paralisação da Terceirona. Na próxima semana, a equipe do litoral norte, segundo lugar no Grupo A, terá enfrentamentos com o Inter e o Sindicato de Atletas Profissionais do RS.
Em uma estratégia preventiva, o clube já havia planejado contar com jogadores vinculados pelo menos até dezembro. No entanto, não descarta solicitar auxílio para a FGF no pagamento das despesas de arbitragem.
— Por ser um clube empresa, sempre montamos um calendário anual. Já estávamos organizados até dezembro, mas conversamos com patrocinadores para deixá-los cientes de que podemos necessitar de um novo aporte. Como a arbitragem da competição é paga, de repente a Federação poderia arcar com esse custo nas próximas fases. Seria uma boa ajuda — sugeriu Fernando Senna, vice-presidente do Real.
No Gramadense, líder do Grupo A, o cenário é de um pouco mais de tranquilidade. O planejamento do clube também prevê contratos mais longos, portanto a extensão da competição não seria um problema.
Contudo, a maior preocupação é de manter o elenco mobilizado diante da incerteza do recomeço da Terceirona.
— Os nossos contratos têm uma margem. Sabemos que, quando disputamos uma competição, temos algumas variáveis, como questões climáticas. Por isso, temos contrato com todos os atletas até o final do ano. O que mais pega é a incerteza de quando vamos jogar — destacou Lucas Roldo, diretor de futebol do Gramadense.