Completando 45 anos neste sábado (9), o Parque Marinha do Brasil, em Porto Alegre, é reconhecido pela grande área verde, com árvores e sombras, além das quadras esportivas. Para os skatistas locais, porém, foi dia de celebrar também um espaço especial do parque: a pista de skate.
Ao longo das décadas, a pista com formato snake, que conta com bowl (piscina de concreto), se estabeleceu como um local tradicional para os skatistas do mundo inteiro, especialmente por facilitar a mistura de movimentos do surfe no skate, por conta de seu trajeto.
Dezenas de pessoas ocuparam os arredores da pista para comemorar, em evento organizado pela Associação dos Skatistas do Parque Marinha (Skama). No local, havia tendas com venda de bebidas, roupas e acessórios de skate, exposição de shapes pintados por artistas, além de um churrasco comemorativo. Também foi montada uma tenda com objetos do Museu do Surf Gaúcho Geraldo Ritter.
O evento contou com shows de hardcore e homenagens a amigos que partiram recentemente. Entre o público, havia diferentes gerações de skatistas que andaram pelo Marinha, entre jovens e veteranos com mais de 60 anos.
O artista visual Rodrigo Guerra, 49 anos, é um dos integrantes da Skama, que existe desde 2001. O skatista observa que a associação tem como finalidade preservar a história da pista, que ele frequenta desde os anos 1980. Com o evento, a ideia é valorizar a história do local e trazer o público de volta ao parque.
— Aqui era sempre lotado de skatistas e famílias, mas isso foi se perdendo — diz Guerra.
— O parque ficou meio abandonado. Queremos trazer esse movimento de volta, não com competições, mas promovendo projetos culturais, com feiras e shows.
Hoje morando em Florianópolis (SC), o empresário Luciano “Califa” Silva retornou a Porto Alegre para celebrar o aniversário da pista. Com 45 anos, ele conta que começou a frequentar o local em 1986.
— É muito amor envolvido. Uma pista única, em que a gente consegue praticar surfe no concreto — observa.
Aos 62 anos, o aposentado Claudio Monteiro, mais conhecido pela alcunha de Shaolin, é um dos personagens clássicos do Marinha. Ele lembra que já andava na pista antes mesmo da inauguração, enquanto era construída, driblando seguranças. Depois de inaugurado, o parque virou sua segunda casa.
— Minha mãe falava: "Quer achar o Shaolin? Vai no Marinha". Nunca fiquei um mês sem vir até aqui, em 45 anos — relata.
— Fiz muitos amigos, criamos uma grande família. E aqui não tem idade, chegando com 62 ou com 10 anos, vão te tratar como skatista, que vai se divertir junto e ser respeitado também.
O pintor Adriano Oliveira, mais conhecido como Barata, aponta que pela pista passam advogados, médicos, engenheiros, construtores, entre outros. Pai, filho e neto, como destaca o skatista de 50 anos, gerações de família. Barata sublinha que o skate não tem fronteiras.
— A diferença que tem de andar no Marinha é que aqui tem história. Fomos pioneiros, acreditamos nesse esporte que se transformou em olímpico. Apesar dos preconceitos que sofreu lá atrás, hoje muitas famílias vivem através do skate.