O Ministério Público da Espanha pediu a manutenção da prisão preventiva de Daniel Alves durante a análise do recurso pela liberdade provisória do jogador, em audiência realizada nesta quinta-feira (16), na terceira seção do Tribunal de Barcelona. O jogador é acusado de estuprar uma mulher em uma boate de Barcelona no fim do ano passado. O órgão citou os múltiplos indícios que incriminariam o brasileiro, especialmente as provas de DNA. As informações são do jornal espanhol La Vanguardia.
Daniel Alves não participou da sessão, que foi realizada a portas fechadas e contou apenas com os advogados das partes envolvidas. Agora, os três magistrados do tribunal vão ponderar os argumentos apresentados e decidir se o jogador poderá responder às acusações em liberdade. De acordo com a publicação, o resultado "não deve sair imediatamente".
Cristóbal Martell, advogado do brasileiro, tentou convencer o tribunal de que Daniel Alves não precisa permanecer preso em Barcelona, mas esperar o julgamento na casa que tem na Catalunha. Anteriormente, o Ministério Público já havia se manifestado contra o pedido feito pelos advogados do lateral.
Os defensores do jogador propuseram medidas para garantir que Daniel não deixaria a cidade espanhola, como entrega do passaporte ou a obrigação se se apresentar, diariamente se necessário, aos tribunais locais, entre outras propostas.
Por outro lado, representantes da denunciante, pedem que a prisão do atleta seja mantida até o final do julgamento. Para a advogada Ester Garcia, há a possibilidade de o jogador aproveitar a saída para deixar a Espanha. Vale ressaltar que o Brasil não extradita brasileiros, o que poderia livrar o jogador da Justiça espanhola em caso de fuga ao País. Ela afirma ainda que a concessão da liberdade ao jogador seria um "atentado contra a integridade psicológica" da suposta vítima:
— Entendemos que é preciso manter a prisão provisória e sem fiança, não apenas pelos indícios do crime, que existem, mas porque segue o risco elevado de fuga.
ENTENDA O CASO DANIEL ALVES
Daniel Alves teve prisão decretada no dia 20 de janeiro. Ele foi detido ao prestar depoimento sobre o caso de agressão sexual contra uma mulher no dia 30 de dezembro. O Ministério Público da Espanha pediu a prisão preventiva do atleta de 39 anos, sem direito à fiança, e a titular do Juizado de Instrução 15 de Barcelona acatou o pedido, ordenando a detenção.
A acusação se refere a um episódio que teria ocorrido na casa noturna Sutton, em Barcelona. O atleta, que defendeu a Seleção na Copa do Catar, teria trancado, agredido e estuprado a denunciante em um banheiro da área VIP da casa noturna, segundo o jornal El Periódico.
No início de janeiro, o jogador deu entrevista ao programa "Y Ahora Sonsoles", da Antena 3, em que confirmou que esteve na mesma casa noturna que a mulher que o acusa, mas negou ter tocado na denunciante sem a anuência dela e disse que nem a conhecia. Depois, ele confirmou houve relação sexual com ela, mas garantiu que foi consensual.
Segundo a imprensa espanhola, a contradição no depoimento do lateral foi determinante para o Ministério Público pedir a prisão e a juíza aceitar. Poucos dias depois da prisão, o Pumas, do México, anunciou que o contrato de trabalho de Daniel Alves com o clube havia sido rompido por justa causa.