O episódio 30 do Geração Start, podcast de esportes eletrônicos de GZH, detalha a discussão que tomou conta das redes sociais na última semana: eSports são esportes? Após as declarações da Ministra do Esporte, a ex-jogadora de vôlei Ana Moser, afirmando que não considera a modalidade como esporte, a comunidade gamer brasileira rebateu a fala da ministra.
Moser chegou a comparar a rotina de um atleta profissional de esportes eletrônicos com a preparação feita por uma cantora, utilizando o exemplo de Ivete Sangalo.
Para falar sobre o tema, o convidado do G-Start é o professor da PUC e especialista em jogos eletrônicos André Pase. Pesquisador e entusiasta dos games, Pase é formado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT).
A opinião da equipe do G-Start
Ao contrário do que foi dito pela ministra, os esportes eletrônicos são imprevisíveis. Em uma partida de qualquer jogo, ainda que exista uma programação digital, todos os personagens são controlados por uma pessoa. O jogo é o instrumento, mas quem precisa estar preparado técnica e fisicamente para que rendimento, resultado e êxito sejam obtidos, é o jogador.
Sobre fazer parte da indústria do entretenimento, que esporte não faz parte disso? Seja tradicional ou digital, os esportes buscam sempre ser assistidos e levar conteúdo de qualidade para quem acompanha, seja no estádio ou pela televisão. Ou a NBA e a NFL precisam parar de trazer shows e atrações durante as partidas?
Além disso, o esporte é um agente transformador de vidas. E os eSports não diferentes. Graças ao talento de muitos jovens e da indústria dos jogos eletrônicos, muitas famílias têm possibilidade de viver melhor. Imaginem se o Free Fire não existisse?
Hoje, não teríamos uma figura tão importante como o Bruno "Nobru" dos Santos no cenário brasileiro. A partir de todo o seu sucesso nos esportes eletrônicos, ele mudou a vida de sua família e transforma, diariamente, a vida de milhares crianças seja com seu conteúdo ou com o conteúdo criado pela sua organização: o Fluxo.
Por fim, a ministra tem todo o direito de emitir sua opinião sobre o que pensa a respeito dos esportes eletrônicos, inclusive, não considerar a modalidade como esporte. O que não pode é fechar os olhos para o cenário e, simplesmente, declarar que não está aberta à discussão do tema.
O reconhecimento é necessário, tanto que desde de 2017 tramitava no Senado a PL 383/2017, que buscava essa regulamentação dos eSports como uma modalidade esportiva. O projeto foi arquivado ao final de 2022.
Sobre a necessidade de investimento do Ministério dos Esportes, é importante dizer que até hoje nunca houve apoio e, mesmo assim, o cenário segue crescendo. Os eventos ocorrem sem o apoio federal e, cada vez mais, o Brasil está inserido no circuito mundial das principais competições de eSports.
É assim há mais de 10 anos com o CBLOL, campeonato de League of Legends, e com o Major de Counter-Strike: Global Offensive (CS:GO), que ocorreu no Rio de Janeiro, no fim de 2022.