O torcedor argentino preso na noite desta terça-feira (26) por cometer ato racista em jogo do Corinthians contra o Boca Juniors foi liberado na manhã desta quarta após o pagamento de fiança no valor de R$ 3 mil. Ele estava detido na Delegacia de Polícia de Repressão e Análise aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade), no prédio do Departamento de Operações Policiais Estratégicas (Dope), no centro de São Paulo.
O caso será conduzido pela Drade e o argentino, cuja identidade não foi revelada oficialmente, vai responder em liberdade. Ele havia sido preso no intervalo da partida, no setor sul das arquibancadas da Neo Química Arena. O torcedor do Boca provocava a torcida corintiana desde antes do início do jogo com gestos imitando macaco, de acordo com vídeos feitos por brasileiros que foram entregues aos policiais presentes no estádio corintiano.
"A equipe (da PM) agiu prontamente e localizou o homem no intervalo da partida", informou a PM, em comunicado oficial. Após a detenção no estádio, o argentino foi levado para o 24º Distrito Policial (da Ponte Rasa), de onde foi transferido para a Drade na madrugada desta quarta-feira. Ele não viu o fim do jogo em que seu time perdeu por 2 a 0.
Pego em flagrante, o homem deve responder pelo crime de injúria racial (artigo 140, parágrafo 3º do Código Penal brasileiro), que prevê reclusão de um a três anos e multa.
Após vencer o rival argentino, pela fase de grupos da Copa Libertadores, o Corinthians se manifestou sobre o caso nas redes sociais. "O Corinthians repudia todo e qualquer ato de racismo e discriminação e agradece à Polícia Militar pela eficiência no apoio prestado. Esse fato só reforça a importância de nossa luta por um futebol sem ódio."
Também pelas redes sociais, em resposta à mensagem do Corinthians, o Boca repudiou a atitude do seu torcedor. "O Clube Atlético Boca Juniors expressa seu absoluto repúdio aos gestos racistas e xenófobos de um torcedor para os simpatizantes do Corinthians. Na próxima reunião da Comissão Diretiva se analisarão as medidas a implementar e as possíveis sanções a aplicar."
Trata-se do segundo episódio de racismo envolvendo times argentinos e vítimas brasileiras em menos de duas semanas. No dia 13, na partida entre River Plate e Fortaleza, também pela Libertadores, um torcedor do time da casa foi flagrado jogando uma banana na direção da torcida do time cearense, no estádio Monumental de Núñez, em Buenos Aires.
A direção do River Plate revelou que ele era sócio do clube e foi suspenso por seis meses. Além disso, o time anunciou que o torcedor passaria por um curso de conscientização sobre xenofobia.