Em meio a uma crise na CBF e a um debate sobre a participação dos jogadores da Seleção Brasileira de atuarem na Copa América, uma hashtag ganhou repercussão nas redes sociais de uma semana para cá. Perfis bolsonaristas, Flávio Bolsonaro e o vice-presidente, Hamilton Mourão, alimentaram o #ForaTite, pedindo a saída do atual treinador do Brasil do comando da equipe.
A campanha bolsonarista, além da hashtag, trazia uma foto de Tite com Lula, torcedor corintiano, como se o gaúcho fosse ligado ao ex-presidente.
Contexto
O encontro entre os dois se deu em 2012, após a conquista da Libertadores pelo Corinthians, que bateu o Boca Juniors na decisão. O evento serviu para que um dos mais ilustres torcedores do clube conhecesse a taça da competição sul-americana.
À época da foto, Tite era o treinador da equipe paulista, e Lula já era ex-presidente da República — havia deixado o cargo em 1° de janeiro de 2011 para Dilma Rousseff assumir.
A reunião contou com mais representantes do Corinthians. Estiveram presentes também o então presidente do clube, Mário Gobbi, o capitão do time, Alessandro (lateral-direito), o diretor-adjunto de futebol Duílio Monteiro Alves (atual presidente do Corinthians) e o gerente de futebol Edu Gaspar.
Seis anos depois da foto com Lula, Tite deu uma entrevista ao programa Grande Círculo, do SporTV, e declarou seu arrependimento pelo encontro com o ex-presidente.
— Em 2012, eu errei. Ele não era presidente, mas fui ao Instituto (Lula) e mandei felicitações por um aniversário. Não me posicionei politicamente. Não tenho partido político, tenho torcida para que o Brasil seja melhor em igualdade social. E que nossas prioridades sejam educação e punição. Errei lá atrás, não faria com o presidente antes da Copa, nem agora, porque entendo que misturar esporte e política não é legal. Fiz errado lá atrás? Sim. Faria de novo? Não — ressaltou.
O atual treinador da Seleção Brasileira jamais foi filiado a qualquer partido político e também nunca fez campanha para qualquer candidato em período de eleições. Depois de assumir o comando do Brasil, Tite evitou outros encontros com personagens do mundo político.
Em 2017, antes da Copa do Mundo da Rússia, ele se recusou a encontrar Michel Temer, então presidente, em um evento tradicional entre a Seleção e o mandatário do país antes de a delegação viajar para o torneio. Na conquista da Copa América, quando Bolsonaro entregou a medalha para o treinador, Tite procurou desviar do afago do presidente, causando, também, comentários nas redes sociais à época.