O que parece uma heresia para os torcedores, que crescem e envelhecem vestindo a camisa do mesmo clube, entre profissionais do futebol é tratado de maneira diferente. Se há jogadores que trocaram de lado na rivalidade Gre-Nal, o mesmo ocorreu com alguns treinadores ao longo da história. Isso não quer dizer, no entanto, que eles tenham marcado seus nomes em Grêmio e Inter.
GaúchaZH relembra quatro técnicos que conquistaram títulos e identificação com a torcida tricolor, mas passaram em branco pelo Colorado.
Carlos Froner
Inter: 1962
Grêmio: 1964-65, 1967, 1970 e 1984 (tricampeão gaúcho)
Considerado o grande mentor de Felipão, quando o comandou no Caxias no final da década de 1970, Carlos Froner foi técnico do Grêmio em quatro oportunidades. Na última, em 1984, chegou à final da Libertadores, sendo derrotado pelo Independiente. Porém, foi nos anos 1960 que marcou época pelo Tricolor, vencendo três Campeonatos Gaúchos (1964, 1965 e 1967). O que pouca gente sabe é que, antes disso, frequentou o vestiário colorado.
Ao se destacar à frente do Aimoré, o militar da reserva foi contratado pelo Inter em 1962. Porém, após alguns meses, entrou em atrito com os dirigentes, insatisfeitos com o desempenho da equipe e acabou demitido. Sua vingança veio no mesmo campeonato. Retornando ao seu ex-clube, em São Leopoldo, Froner venceu o Inter em pleno Estádio dos Eucaliptos e causou, além da perda do título gaúcho para os colorados, a conquista do Grêmio. Por conta disso, acabou caindo nas graças da torcida tricolor, sendo contratado pelo clube dois anos depois. O êxito obtido no Estádio Olímpico aumentou ainda mais sua identificação com o lado gremista.
Oswaldo Rolla
Grêmio: 1955-1960 e 1976 (tetracampeão gaúcho)
Inter: 1968
Apesar de ter seu nome muito ligado ao Grêmio, Oswaldo Rolla é um dos maiores personagens do futebol gaúcho. Também conhecido pelo apelido Foguinho, foi jogador, árbitro, comentarista e treinador. Como atleta, atuou ao lado do lendário goleiro Eurico Lara, no Tricolor dos anos 1920 e 1930. Como técnico, implementou um trabalho pioneiro de preparação física, enfileirando os títulos gaúchos de 1956 a 1959. Entretanto, também comandou o lado vermelho.
Um ano antes do Inter inaugurar o Beira-Rio, o "seu Rolla" dirigiu o time colorado. Porém, durou apenas três meses no cargo, se despedindo após sofrer uma goleada de 4 a 0 para o Grêmio pelo Gauchão de 1968.
Paulinho de Almeida
Inter: 1966
Grêmio: 1980 (campeão gaúcho)
Ex-lateral do Inter nos anos 1950, Paulinho de Almeida se transferiu em seguida para o Vasco e foi no clube carioca que começou a carreira de treinador na década seguinte. Pela identificação com o lado vermelho, acabou contratado para comandar o time colorado em 1966. Porém, não obteve o mesmo sucesso no novo cargo.
Rodou por inúmeros clubes do país, como Vasco, Botafogo, Fluminense, Coritiba, Palmeiras, Cruzeiro, entre tantos outros. Logicamente, também passou pelo Grêmio. Em 1980, substituiu Valdir Espinosa e venceu o título gaúcho daquele ano. Em sua equipe, estavam Emerson Leão, Tarciso, Baltazar e outros nomes que conquistariam o Brasileirão da temporada seguinte.
Valdir Espinosa
Grêmio: 1980, 1983 e 1985-86 (campeão da Libertadores, Mundial e gaúcho)
Inter: 1990
Ao levar o Grêmio aos inéditos títulos da Libertadores e Mundial de Clubes, em 1983, Valdir Espinosa escreveu seu nome na história do clube. Anos depois ainda voltaria ao Estádio Olímpico para conquistar o título gaúcho de 1986.
Porém, Espinosa também teve uma breve passagem pelo Beira-Rio. Em 1990, foi um dos seis treinadores contratados pelo Inter, durando apenas dois meses no cargo.