Mauro Galvão e Tinga chegaram a jogar juntos, vestindo a camisa tricolor. Porém, ambos também defenderam o emblema colorado, mas em épocas diferentes. Em décadas distintas, os dois escreveram uma história vitoriosa nos dois lados da rivalidade Gre-Nal e, curiosamente, viveram caminhos inversos.
Revelado no Beira-Rio, o zagueiro acabaria também atuando no Estádio Olímpico em duas oportunidades, já em final de carreira. O meia, por sua vez, surgiu nas categorias de base do Grêmio, mas teria duas passagens pelo Inter. Eles podem ter até magoado algum torcedor mais fanático, mas nenhum dos lados têm argumentos para reclamar de falta de profissionalismo, dedicação e, principalmente, conquista de títulos.
Mauro Galvão
Pouca gente sabe, mas antes de surgir com a camisa colorada, Mauro Galvão passou pela base gremista, quando tinha 11 anos de idade. Dispensado, foi realizar testes no Inter, onde permaneceu. Seis anos depois, fazia sua estreia como profissional, compondo a dupla de zaga que se sagraria campeã brasileira de forma invicta, em 1979.
No Beira-Rio, ainda conquistou quatro títulos gaúchos (de 1981 a 1984), até se transferir para o futebol carioca, onde defendeu Bangu e Botafogo. Abriria a década de 1990 no Lugano, da Suíça, para enfim retornar a Porto Alegre — desta vez do lado tricolor.
Recentemente, o próprio Galvão revelou que havia recebido uma proposta do Palmeiras, mas queria "fechar o ciclo" no Grêmio, já que havia jogado na escolinha do clube quando criança. Assim, em 1996, com 35 anos de idade, decidiu reforçar o time de Felipão, então campeão da Libertadores.
Em sua primeira passagem pelo Olímpico, conquistou o quatro títulos: o Gauchão, a Recopa Sul-Americana e o Brasileirão de 1996, mais a Copa do Brasil de 1997. Deixaria o Estado novamente para, no Vasco, erguer mais taças. Porém, voltaria a vestir a camisa tricolor no início dos anos 2000. Comandado por Tite, colocou mais duas faixas (campeão gaúcho e da Copa do Brasil de 2001), para enfim anunciar sua aposentadoria no ano seguinte.
Em 2009, assumiu como diretor-executivo do clube, mas não chegou ao final da temporada no cargo. Embora muita gente diga que, na infância, Mauro Galvão tenha sido torcedor do Grêmio, ele nunca confirmou a história publicamente.
Tinga
Em 1997, enquanto o Grêmio tinha em Mauro Galvão seu capitão, surgia das categorias de base um ágil meia chamado Paulo César. Conhecido pelo apelido Tinga, em referência ao bairro do qual era morador, localizado na zona sul de Porto Alegre, o jovem de 19 anos demorou para se firmar como titular. Antes disso, acabou emprestado ao Kawasaki Frontale, do Japão, e ao Botafogo.
Em seu retorno ao Estádio Olímpico, em 2001, já estava mais maduro e ocupando uma nova função na equipe. Foi atuando mais recuado no meio-campo, como segundo volante, que Tinga viu sua carreira decolar, culminando com a conquista da Copa do Brasil de 2001, sob o comando de Tite.
As boas atuações renderiam convocações para a Seleção Brasileira e uma venda para o Sporting, de Portugal. Mas, após uma temporada ruim na Europa, o atleta voltaria ao Rio Grande do Sul — agora do lado colorado.
De 2005 a 2006, Tinga defendeu o Inter, sendo uma das peças fundamentais na inédita conquista da Libertadores. Negociado com o Borussia Dortmund, da Alemanha, o jogador acabaria de fora do título mundial, mas retornaria ao Beira-Rio em 2010 para ser bicampeão da América.
A carreira de Tinga chegaria ao final em 2015, com a camisa do Cruzeiro. Porém, ele nunca escondeu que, apesar de ter sido revelado pelo Grêmio, sua torcida sempre foi pelo Inter.
— Não tem comparação, fazer o gol da conquista (da Libertadores de 2006). Foi a transformação de um clube que tem o nome de Internacional, mas que até então não tinha uma conquista internacional. E, para mim, que sempre fui colorado e comecei jogando no Grêmio, foi emblemático — declarou ele, recentemente.