SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O COI (Comitê Olímpico Internacional) se rendeu ao que parecia inevitável e anunciou que os Jogos Olímpicos de Tóquio não serão realizados nas datas planejadas.
A pandemia do coronavírus levou a entidade e o governo japonês a adiarem o evento para 2021, em data ainda a ser confirmada, provavelmente no verão do hemisfério norte (de junho a setembro).
Nesta terça-feira (24), o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, conversou por telefone com o presidente do COI, o alemão Thomas Bach, e anunciou o adiamento em entrevista coletiva. Na sequência, o COI se manifestou em nota confirmando a decisão.
Essa é a primeira vez que uma edição dos Jogos muda de data em sua era moderna (desde 1896). Outras três foram canceladas (1916, 1940 e 1944) nesse meio tempo, em razão das Guerras Mundiais.
Pelo que havia sido estabelecido inicialmente, as competições em Tóquio teriam início em 22 de julho (com a cerimônia de abertura no dia 24) e se estenderiam até 9 de agosto, data prevista do encerramento.
"Nas atuais circunstâncias, e com base nas informações fornecidas hoje pela OMS [Organização Mundial da Saúde], o presidente do COI e o primeiro-ministro do Japão concluíram que os Jogos devem ser remarcados para uma data posterior a 2020, mas o mais tardar no verão de 2021, para proteger a saúde dos atletas, todos os envolvidos nos Jogos Olímpicos e na comunidade internacional", afirma o comunicado do COI.
Segundo a entidade, a primeira edição do evento que acontecerá em um ano ímpar continuará sendo chamado oficialmente de Tóquio-2020.
Desde que a OMS (Organização Mundial de Saúde) passou a tratar como pandemia o surto de coronavírus, em 11 de março, eventos esportivos de todo o planeta vinham sendo paralisados. As principais competições do mundo foram interrompidas, sem prazo concreto para o retorno.
Havia alguma resistência, no entanto, por parte do COI, que até meados do mês não via pressa para decisões drásticas. A entidade presidida por Bach mantinha a esperança de que a situação pudesse ser normalizada a tempo de a programação ser sustentada, algo que não se concretizou.
No último domingo (22), o comitê admitiu pela primeira vez a possibilidade de adiamento e estabeleceu um prazo de quatro semanas para uma definição sobre o tema, o que se mostrou tempo demais diante da pressão que passou a ser exercida por atletas e comitês olímpicos de países relevantes, como Estados Unidos, Austrália, Canadá e Alemanha.
Além de toda a preocupação em relação à transmissão da doença Covid-19, havia muitas dúvidas sobre a preparação dos atletas e até sobre a classificação deles à Olimpíada. Estão abertas ainda muitas vagas nos Jogos de Tóquio, cujas definições sairiam em torneios seletivos ainda não realizados.
De acordo com o COI, estão preenchidas 57% das vagas até agora. As outras 43% permanecem indefinidas e poderão ter seus critérios alterados nos próximos meses. Uma possibilidade ventilada antes da decisão sobre o adiamento foi utilizar rankings mundiais e resultados de competições já finalizadas, como os Jogos Pan-Americanos.
Mesmo os esportistas que já têm classificação assegurada se viam em situação complicada, com limitações nos treinamentos.
A nadadora espanhola Mireia Belmonte, ouro nos Jogos de 2016, sem acesso às piscinas de seu país, afirmou que não seria possível fazer um papel digno caso o calendário inicial fosse mantido. No Brasil, o nadador Bruno Fratus também fez duras críticas enquanto o comitê sustentava a manutenção da data original dos Jogos.