O Paris Saint-Germain curou as feridas da temporada passada, uma das piores da era catari, reincorporando neste verão europeu o diretor esportivo Leonardo, chamado para ajudar o clube a finalmente alcançar as posições mais altas da Liga dos Campeões. Com ou sem Neymar.
Quando no último sábado o Rennes abriu o placar na decisão do Troféu dos Campeões (a Supercopa francesa), os torcedores parisienses chegaram a reviver o pesadelo do primeiro trimestre deste ano, quando um "buraco negro" - nas palavras de Kylian Mbappé - engoliu o clube e o afastou de suas ambições.
Os fantasmas das humilhações na final da Copa da França, nas quartas de final da Copa da Liga francesa e nas oitavas da 'Champions' ainda estavam presentes. Fez falta a intervenção do jovem astro francês e do argentino Ángel di María, que marcaram contra os ingleses, para exorcizá-los e levantar o primeiro título da nova temporada.
Mas, para melhorar sua imagem, os jogadores de Thomas Tuchel terão que fazer muito mais, já que os últimos meses mancharam a imagem da equipe francesa a proporções inéditas desde a chegada de seu proprietário catari em 2011.
"Não entendo qual direção querem tomar, costumo telefonar a meu amigo Nasser (Al Khelaifi, presidente do PSG) mas não vejo um conceito claro", explicou à AFP a lenda alemã Lothar Matthäus.
Hoje uma coisa está clara: o PSG reagiu. Após a contundente declaração de Al Khelaifi em junho, quando disse à France Football que não queria "ver mais comportamentos de estrelas", Leonardo substituiu Antero Henrique para colocar ordem no clube, tanto dentro de campo quanto fora.
- Neymar quer ir embora -
De volta após sua passagem como jogador entre 1996 e 1997, e como diretor esportivo entre 2011 e 2013, o brasileiro quer reconstruir o PSG à sua imagem e semelhança.
Assim como quando idealizou a arrancada do Paris Saint-Germain no início da etapa catari com as contratações das estrelas Zlatan Ibrahimovic, Edinson Cavani e Thiago Silva, Leonardo vai voltar a arregaçar as mangas para ajudar a equipe da capital a alcançar novos patamares, principalmente na Liga dos Campeões, após duas eliminações consecutivas nas oitavas de final.
O caso mais gritante é o de Neymar. Após duas temporadas manchadas pelas lesões, o jogador mais caro do mundo (222 milhões de euros) deixou transparecer seu desejo de voltar ao Barcelona.
Mas abrir a porta ao camisa 10 gera uma série de interrogações proporcionais a seu talento: como encontrar uma contrapartida financeira suficiente, mas também um substituto? Como gerir essa situação que alimenta paixões, preservando a imagem do clube e o lugar de Neymar se no final ele não vai permanecer no clube?
"Como torcedor, seria uma frustração vê-lo partir. Sentimos que ainda não mostrou o rendimento que pode ter com o PSG", opinou o ex-jogador do clube, Youri Djorkaeff.
Sem Neymar mas com o muito ambicioso Mbappé, a hegemonia nacional do Paris Saint-Germain não estará em risco. Mas a Europa é outra história. Com o genial atacante, a equipe está armada para vencer a Liga dos Campeões, principalmente porque se fortaleceu neste verão por meio de um 'mercato' bem sucedido.
- Sarabia é surpresa no ataque -
A chegada de dois meias, o senegalês Idrissa Gueye e o espanhol Ander Herrera, compensam o vazio inquestionável que havia no meio de campo. No ataque, o espanhol Pablo Sarabia impressionou durante a disputa do Troféu dos Campeões, enquanto que, o zagueiro central Abdou Diallo ainda precisa confirmar que realmente foi uma grande contratação, após seu desempenho no Borussia Dortmund. Tudo por cerca de 80 milhões de euros.
Os nomes são menos midiáticos que nos anos anteriores, mas respondem a uma lógica mais austera adotada neste verão europeu de formar um elenco homogêneo e voltar a ter uma estrutura sólida.
* AFP