O havaiano John John Florence, atual líder do ranking mundial de surfe, anunciou na terça-feira que perderá o restante do ano após romper o ligamento cruzado anterior do joelho na etapa do Rio de Janeiro, que ocorreu em junho, na praia de Saquarema. Ele já havia rompido parcialmente o mesmo membro em uma sessão de freesurf em Bali no ano passado, quando optou por não operar a lesão.
Um ano depois, o atleta terá de abrir mão de uma temporada quase irretocável para retornar apenas em 2020. John John lidera o ranking com 4.400 pontos de vantagem para o americano Kolohe Andino, vice-líder. Com o fato, uma lacuna terá que ser preenchida dentro do CT. Quem será o campeão da temporada de 2019?
Restando seis etapas para o término do campeonato, os três melhores brasileiros são Filipe Toledo, terceiro lugar; Ítalo Ferreira, sexto; e Gabriel Medina, oitavo. Além deles, outros nomes surgem como favoritos para conquistar o título. É o caso de Kolohe, do sul-africano Jordy Smith, do japonês Kanoa Igarashi, do australiano Julian Wilson e do onze vezes campeão Kelly Slater.
Fora do restante da temporada, o havaiano pode se ausentar da Olimpíada de Tóquio de 2020, isso porque o circuito mundial deste ano será classificatório para a competição esportiva mais importante do mundo. Cada país terá apenas duas vagas e, caso dois americanos fiquem a frente dele no ranking, isso faria ele não estar presente no Japão. GaúchaZH ouviu especialistas sobre o impacto da ausência do havaiano no circuito e quem pode vencer o título mundial:
Renan Rocha, ex-surfista profissional e comentarista dos canais ESPN
"A lesão do John John impacta bastante. Ele se lesionou mais uma vez e lidera o ranking, assim como em 2018. Nos dois anos em que ele competiu no circuito sem se machucar, foi campeão. Tem uma certa interrogação aí, né? Será que se ele não tivesse se machucado, teria sido campeão em todos esses anos? Para o circuito e para o fã do esporte, perde o brilho completamente. Assim como para o atleta que for o vencedor neste ano. Ninguém quer vencer sem ter um dos melhores atletas competindo. Foi uma perda crucial. O John John tem um carisma sensacional, é uma pessoal muito humana e, com certeza, está todo mundo triste e torcendo para que ele volte para o ano que vem e melhor ainda. Para mim, o principal favorito agora é o Filipe Toledo e depois o Jordy Smith, mas ainda tem o Ítalo também que já tem uma vitória esse ano. Eu não acredito que o Medina deva fazer um segundo semestre extraordinário como ele fez nos últimos dois anos."
Ben-Hur Correia, repórter da TV Globo
"Sem o líder do ranking na competição, isso mexe muito nos prognósticos para o fim do ano. A gente tem que observar os primeiros cinco atletas abaixo do John John e quais são os próximos eventos. Assim, a gente pode ter uma luz do que pode acontecer. O Jordy Smith não performa bem nos locais das próximas etapas. Fora os brasileiros, o Kolohe e o Kanoa podem surpreender. A temporada dos dois vem muito constantes. No entanto, sem dúvidas, com o Filipe em terceiro o caminho está aberto para ele. É engraçado, quando o ele entende que pode vencer, se torna muito mais perigoso e deve ser assim no restante do ano. A etapa da África do Sul vai ser boa para ele, França e Portugal também. Para mim, ele é o surfista que tem mais chances de aproveitar a ausência."
Tiago Brant, comentarista dos canais ESPN
"A lesão do John John é muito triste para o esporte. Ele era um postulante natural ao título e, com esse fato, torna a corrida um pouco menos tensa. "Sorte" dos brasileiros, do Kolohe Andino, que está muito bem classificado, e do Jordy. E uma coisa que percebo com alegria nesse momento é que um dos classificados dos Estados Unidos para a Olimpíada seria o Kelly Slater, que deve fazer sua última temporada neste ano. Isso é super simbólico e importante para o esporte. Triste pelo John John, mas feliz para o cenário que se desenha para os primeiros jogos olímpicos do surfe."
Klaus Kaiser, âncora da transmissão em português da WSL
"O impacto da lesão do John John Florence é gigantesco, pois não se trata apenas de um bicampeão do mundo, mas de um dos maiores nomes da história do surf mundial e que fazia uma temporada irrepreensível, rumando para seu terceiro título mundial. E também é gigante a nível olímpico, pois o havaiano era nome certo na equipe olímpica americana para os jogos de 2020. Sem dúvida, um tremendo baque para o surf mundial em todas as instâncias. Com a lesão do John John aumentam consideravelmente as chances do norte-americano Kolohe Andino conquistar seu primeiro título mundial, já que ele é o atual vice-líder do ranking e vem fazendo uma campanha muito regular nesta temporada. Além de Kolohe Andino, também crescem muito as chances dos brasileiros Filipe Toledo, Ítalo Ferreira e Gabriel Medina de disputarem o titulo e também do sul-africano Jordy Smith, que todos os anos entra como um dos favoritos ao campeonato mundial."
Como está o Mundial
1º lugar: John John Florence (Hawaí), 32.160 pontos
2º lugar: Kolohe Andino (EUA), 27.760
3º lugar: Filipe Toledo (Brasil), 27.195
4º lugar: Jordy Smith (África do Sul), 26.045
5º lugar: Kanoa Igarashi (Japão), 24.705
6º lugar: Ítalo Ferreira (Brasil), 22.150
7º lugar: Kelly Slater (EUA), 17.735
8º lugar: Gabriel Medina (Brasil), 16.895
A pontuação por etapa
1º lugar - 10.000 pontos
2º lugar - 7.800 pontos
3º lugar - 6.085 pontos
Obs.: todos ganham pontos, inclusive os lesionados (265 pontos)