No final do mês de março, o Brasil-Pel acertou o retorno do técnico Rogério Zimmermann para a disputa da Série B do Campeonato Brasileiro. Nas quatro primeiras rodadas, sua equipe não pontuou. Entretanto, depois do início ruim, recuperou-se na competição com três vitórias consecutivas.
A reportagem de GaúchaZH conversou com o treinador, que está em sua quarta passagem pelo clube no qual conquistou acessos para a primeira divisão do Gauchão em 2004 e 2013 e da série D até a Série B do Brasileirão, entre 2014 e 2015.
O início do Brasil na Série B foi com quatro derrotas. O que ocorreu?
A gente tem de entender o contexto. Eu não estava aqui no Estadual, em que o Brasil não foi bem e correu até risco de rebaixamento. Então, quando me chamaram pra ajudar, eu sabia que teríamos dificuldades no início. Era um time com pouca confiança, e com algumas trocas, mudanças no grupo, contratações. Então, tu sabe que vai ter um pouco de dificuldade nesta transição. Claro que sempre temos esperança de que vamos passar por estes problemas. Às vezes, o desempenho não é tão bom, mas você consegue o resultado. A gente sabia que ia passar por esse processo. Evidentemente que sempre queremos uma melhor pontuação. Os resultados não vieram, mas o desempenho, por incrível que pareça, estava melhor do que o esperado para a situação encontrada. O que se passou para os atletas foi justamente isso. Assim, mantivemos a mesma equipe e passamos confiança. O desempenho seguiu bom e os resultados começaram a aparecer.
O que mudou nas últimas três rodadas, em que o Brasil somou nove pontos?
Eu tenho 54 anos. Eu já passei da fase de ter confiança ou não no meu trabalho. Faço isso há mais de 35 anos. Eu costumo dizer aos jogadores que nós não precisamos ganhar as partidas para mostrar que o trabalho está sendo bem feito. Temos é de ganhar os jogos para pontuar, só por isso. O que mudou pra nós, é que começamos a subir na tabela. Não ficamos mais confiantes, não tivemos mais tranquilidade ou isso deu mais certeza do caminho que estávamos percorrendo. Pelo tempo que temos de futebol, sabíamos que o caminho estava certo. Mas lidamos também com jovens, atletas de 23, 25 anos. Então a tarefa mais difícil é dar confiança para os atletas que estão passando por isso pela primeira vez. O fundamental é que nós nos conhecemos e mantivemos nossa postura quando as coisas não estavam boas. Agora, se eu falar que confio no futebol deles, eles sabem que foi da mesma maneira quando não estávamos ganhando. Aquele período de dificuldade nos fez crescer.
Como você procura passar essa sua experiência para os jogadores mais jovens?
Nosso grupo, na sua maioria, é experiente. Temos jogadores como Leandro Leite, Camilo, Juba. Mas quando você conversa com um grupo, você não fala apenas com os 11 que vão começar o jogo. Você fala com 30 cabeças diferentes, tem um jogador de 37 anos, e meninos que vêm da base. Acaba lidando com vários tipos de atleta. A maneira de passar suas ideias, você adquire com o tempo. O futebol está cada vez mais competitivo. Com o tempo, você vai economizando caminhos. O treinador passa ideias que são reforçadas quando os jogadores estão sozinhos entre eles. Aí os resultados aparecem, e tudo isso é fortalecido.
Qual o segredo da sua relação com o Brasil-Pel?
Apesar de ser a quarta passagem, os momentos são bem distintos. As primeiras duas passagens foram mais longas. A primeira foi de dois anos, o que para treinador já é bastante tempo. A segunda, foi de cinco. Então, é completamente diferente. Com cinco, você vai colocando suas ideias, o resultado aparece e o trabalho se fortalece. Aí as outras passagens são diferentes. No final do ano passado, o Brasil corria risco de cair para a Série C, e a gente via de fora o trabalho de cinco anos indo embora. Então, faltavam 14 partidas. Eu cheguei, e fizemos uma campanha de G-4, e o Brasil permaneceu na Série B. Eu não tinha a ideia de permanecer. Neste ano, ocorreu a mesma coisa no Estadual, com o Brasil correndo risco de rebaixamento. Então, eu percebi que teria tempo para treinar a equipe. Por ter conhecimento do clube, da cidade, por ter essa relação legal com a torcida, eu percebi, de novo, que poderia fazer um bom trabalho.
Você se considera um protagonista dentro do clube?
Não. Eu considero que na minha área, de técnico, eu sou um profissional que tem realizado bons trabalhos, pelo menos nas outras passagens, já que essa é recente. Também por me cercar de uma boa comissão técnica, conhecer o grupo, indicar jogadores com perfil do clube e que rapidamente terão identificação com a torcida. Mas não diria que sou protagonista.
E o jogo contra o Criciúma?
Pra mim, são 38 partidas. Não faço cálculo, nem projeção. Isso não adianta nada. Nós temos a consciência que não só contra o Criciúma, mas temos de pontuar. Muitas vezes, você empata em casa e depois vê que foi um grande resultado. A Série B é uma competição muito nivelada. Não faço muita distinção de jogo fora e em casa. O importante é pontuar, e vamos em busca disso.