Há várias formas de sair vitorioso de uma competição e de deixar sua marca na história do esporte. No último fim de semana, tivemos duas decisões importantes que servem de reflexão. De um lado, a final da Libertadores entre Boca Juniors e River Plate e de outro, o confronto entre Atlântico e Pato na Liga Nacional de Futsal.
Estava em São Marcos em um almoço com mais de 30 pessoas assistindo à final do futsal. Um sentimento que despertou em vários espectadores era a cera protagonizada pelo goleiro Djony, do Pato, sempre que seu time estava em vantagem no marcador, diga-se de passagem.
As pessoas em frente à TV não eram torcedores de uma ou de outra equipe. Queriam apenas ver um belo espetáculo de futebol. E tiveram uma impressão negativa do goleiro do Pato que, quando a sua equipe estava em desvantagem no jogo, jogava com uma intensidade enorme, sem ter nenhuma dor. Quando estavam em vantagem, mudava o comportamento, se atirando ao chão com dores, com a provável intenção de esfriar o jogo.
Um dos presentes fez questão de destacar que o goleiro do Atlântico, o Careca, não havia simulado nenhuma ação parecida no decorrer do jogo, sobretudo quando sua equipe estava com o placar favorável ao título.
O River também usou de recursos duvidosos na utilização do seu técnico, expulso, na condução da equipe contra o Grêmio na semifinal da Libertadores. Sua torcida, ao apedrejar o ônibus do Boca, foi um espelho dos atos da direção do clube em ganhar a qualquer custo, seja através das artimanhas ou de uso da força para intimidação.
A história vai marcar a conquista. River e Pato estão na história das duas competições, mas a que custo? Para muitos, o River ficou com um título manchado pelas trapalhadas da Conmebol. Mas será que a imagem do River não ficará como a do Corinthians no Brasileirão de 2005? Será que a imagem do atleta do Pato não ficará com uma mancha entre apaixonados pelo esporte no Brasil? Só o tempo poderá dizer. E somente os próprios atores poderão responder a si mesmos as perdas e ganhos que obtiveram com tais situações.
Sempre que possível, combinar o espírito esportivo com títulos é melhor. Mas se tivesse que escolher um dos dois, sem sombra de dúvidas, o espírito esportivo estaria em prioridade. As pessoas querem assistir espetáculos.
E o espírito esportivo é um dos fatores que faz um jogo virar espetáculo. E não tenho dúvidas de que, para atrair cada vez mais público e interessados pelas partidas e pelo esporte, posturas com espírito esportivo tendem a ter um impacto mais positivo.