Número 1 do mundo da categoria 85 anos, o americano John Powless retorna a Porto Alegre para participar da 33ª edição do Seniors Internacional de Tênis – Copa Yone Borba Dias, uma das maiores competições do mundo de veteranos, realizada na Associação Leopoldina Juvenil. Ele estreia no torneio nesta quarta-feira (28), às 9h.
O tenista de 86 anos revelou dois dramas que vem superando com a ajuda do esporte, um câncer e uma chuva torrencial que, em agosto, destruiu a academia que mantém há 40 anos em Madison, Winsconsin, nos EUA.
Powless tem grande peso para o tênis americano e mundial. Ele foi responsável por revelar ao mundo Arthur Ashe, campeão do US Open, Wimbledon e Aberto da Austrália e símbolo na luta contra o racismo e causas sociais.
Morto em decorrência da aids em 1993, Ashe chegou a homenagear Powless durante discursos em uma universidade americana semanas antes de falecer.
Atual campeão do torneio gaúcho, Powless conta que, há quatro anos, sentiu-se mal em meio a um jogo na Turquia. Teve de desistir e foi levado a um hospital em Viena, na Áustria, onde foi diagnosticado com câncer de cólon, na região abdominal.
– Inicialmente, me disseram que eu teria algo como 18 meses de vida, e estou vivendo quatro anos desde que descobri (câncer) e me sinto bem. O tênis me dá energia. O que eles inserem no teu corpo faz mal (no tratamento de quimioterapia), muitas pessoas perdem o cabelo, sobrancelha. Várias coisas aconteceram comigo por conta do tratamento. Não posso dizer que estou lutando para vencer, mas lutando para não deixarem me vencer , me manter ativo, meu corpo ativo vai ajudar bastante, talvez nem sempre, mas na maioria das vezes – diz Powless.
O americano prosseguiu:
– Os últimos exames de imagem mostraram que o câncer estava estável e espero que o próximo exame mostre o mesmo. A quimio deixa seu corpo tonto. Se eu não tivesse ativo com o tênis talvez estivesse para baixo e me sentindo doente, mas com o tênis mantenho meu equilíbrio. Quando fiz minha primeira sessão de quimio o médico me disse para descansar alguns dias e fui pra quadra no sol. Quando saía da quimio, ficava com um aparelho para fora do meu corpo carregando por dois dias, hoje não mais, mas jogava mesmo assim.
Além do câncer, Powless enfrenta outro drama pessoal. Em agosto, uma forte chuva destruiu sua academia. Nem mesmo as oito quadras cobertas escaparam. Ele e mais cinco pessoas, entre elas uma criança, ficaram presos até a madrugada por força da pressão da água no lado de fora. A inundação destruiu as quadras e toda a estrutura de vestiários, bar, restaurante e lounge. O prejuízo, não coberto pelo seguro, gira em torno dos US$ 500 mil.
A previsão é de que a reconstrução da academia seja concluída no fim de janeiro.
– Só para limpar o estrago nas primeiras semanas foram gastos US$ 100 mil, havia uma polegada e meia de lama na quadra de saibro. Tive de pedir empréstimo a bancos e vou pagar em até 20 anos – conta.
Para ajudar nos custos, Sandra Mcdonald, sócia da academia de Powless, abriu uma vaquinha virtual (chamada Rally for Powless) que já arrecadou mais de US$ 35 mil.
Powless estreia nesta quarta-feira em Porto Alegre contra o australiano Adrian Alle, terceiro do mundo. Alle venceu seu primeiro jogo contra o brasileiro Nilo Moreira nesta terça-feira por 6/3, 2/0 e desistência. Nesta quarta-feira estão previstas mais de 50 partidas nas quadras da Associação Leopoldina Juvenil com entrada gratuita ao público.
A competição em 2018 teve um aumento de países. De 17 em 2017 pulou para 20 em 2018. São atletas do Brasil, Áustria, Jordânia, Costa Rica, Chile, Argentina, Holanda, Lituânia, Peru, Espanha, Itália, Colômbia, Alemanha, EUA, Grécia, França, Canadá, Austrália, Uruguai e Bolívia. São 224 atletas, sendo 24 entre os 10 melhores do mundo e quatro deles liderando o ranking nas respectivas categorias.