Satisfeito, Tite concedeu sua entrevista coletiva na noite desta terça-feira (11) com a tranquilidade de quem havia feito o dever de casa de forma efetiva. O último teste, a goleada por 5 a 0 sobre El Salvador, em solo norte-americano foi em ritmo de jogo-treino e agradou o comandante brasileiro. Principalmente, quando o assunto é a postura tática dentro de campo.
— O que mais fiquei feliz foi a retomada de uma equipe alegre e agressiva para jogar. Que toma a iniciativa independentemente do nível técnico do adversário. Ficamos constantemente em pressão alta. Ela consegue trabalhar nesse tempo todo com essa rotação — avaliou.
O técnico gaúcho não escapou do questionamento envolvendo o nível técnico do adversário. Sem cerimônia, Tite foi direto e esclareceu que a Seleção não pode definir seu oponente.
— A gente não tem a oportunidade de escolher europeus, é uma informação. As outras estamos procurando, vamos pegar Argentina. Já passei a idade de desconstruir críticas. Os Estados Unidos empataram com a França antes da Copa. Mas aí tu faz o seu papel, pressiona o adversário. Esse estágio com a posse de bola é fundamental. Está aí para as pessoas avaliarem. Olhem o desempenho e tirem suas conclusões dentro da disponibilidade — disparou.
Já Sylvinho, um dos auxiliares técnicos de Tite, elogiou e mostrou conhecimento sobre o rival:
— Gostamos da disposição tática de El Salvador. Mais uma vez no 4-1-4-1, com muita disciplina tática. Pineda já conheciamos, joga pela esquerda e como atacante — completou.
Confira trechos da coletiva de Tite após a vitória sobre El Salvador:
Sobre o que pode mudar após os amistosos
A gente reposicionou a bola parada defensiva, ajustou algumas coisas. A ideia de futebol permanece inalterada, independe de adversário. Manter posse de bola, infiltração, finalização, é a nossa característica. A utilização de atletas que eles permitam variações de observações até por pouco tempo acabam sendo importantes.
Sobre a escolha por El Salvador
A gente não tem a oportunidade de escolher europeus, é uma informação. As outras estamos procurando, vamos pegar Argentina... Já passei a idade de desconstruir críticas. Os Estados Unidos empataram com a França antes da Copa. São dois estágios nisso. De uma equipe com bola, o que ela busca, e no nível do adversário... Mas ai tu faz o seu papel, pressiona o adversário. Esse estágio com a posse de bola é fundamental. Mourinho certa vez falou: "Dura é a eliminatória sul-americana". Na europeia pega várias seleções de nível inferior. Está ai para as pessoas avaliarem. Olhem o desempenho e tirem suas conclusões dentro da disponibilidade
Sylvinho sobre Richarlison
Acompanhamos o Richarlison até antes da Copa. Foi bem no Watford, é difícil começar tão bem na Inglaterra. Começou muito bem no Everton. Temos outras boas opções pelo lado, mas surgiu a chance na situação do Pedro. Richarlison agrada pelo perfil e sabe fazer gol.
Avaliação sobre os estreantes da Seleção
Muita gente relativiza, mas a equipe manteve o desempenho em 90 minutos. Deve ter tido mais de 70% de posse de bola. Mas não adianta ter sem finalizar. O melhor jogador deles foi o goleiro, fez grandes defesas. Temos a responsabilidade de jogar bem contra qualquer seleção, imprimir uma ideia. E ela conseguiu mesmo diante de um adversário inferior. E um patamar de finalizações com posse de bola que traduziu o bom desempenho. Mesmo trocando pessoas e modificando. Neymar de 9 no fim com dois velocistas do lado. É uma característica nossa, a safra é muito boa em jogadores de velocidade pelo lado. E tem mais vindo ai. David Neres, Richarlison, Malcom, Vinícius Jr. Conseguimos observar situações, como o Marquinhos na direita, e ter impressões que podemos usar mais na frente.
Sobre novidades no time
Por mais capacidade que um cara tenha, a equipe por si só é um mecanismo vivo. Ela se mostra. Queríamos segurar o Neymar, mas preferimos deixar ele como flutuador, mais solto, e jogou os 90 minutos. Para ver ele mais central. Tu vai ganhando jogador. O Arthur com muita qualidade de passe, para daqui a pouco ser vertical. Esses jogadores jovens vão adquirindo corpo. E o técnico e a comissão vão tendo tempo de observação sim
Sobre versatilidade na defesa
Traz o Militão para o meio, ele já jogou assim com o Felipe no Porto. E vejo o Marquinhos na direita. Lembro quando o Marquinhos surgiu no Corinthians, o presidente me falava: ele é a nossa pérola. Mas eu não sabia se seria volante, zagueiro ou lateral. Passaram cinco anos e ele continua jogando em todas. Militão é zagueiro de origem. Quando ao Neymar, um planejamento é versátil. As percepções trazem situações novas. Por isso coloquei em prática e mantive ele em campo até o fim para vê-lo pelo meio''.
Sobre o Brasil voltar a jogar com três centroavantes
Os três centroavantes são da posição e fazem movimentos diferentes. O Firmino roda nas costas dos volantes. Sai da função de 9 e compõe o meio. Faz isso no Liverpool. Aproveitamos o que ele faz no clube. Já Richarlison e Gabriel Jesus atacam espaço, infiltram mais, trazem profundidade. Neymar traz flutuação. Oportunizamos situações importantes.
Sylvinho sobre Neymar jogar todo o jogo
Neymar jogou os 90 minutos por culpa minha e dos outros auxiliares. A ideia surgiu durante o jogo e quisemos vê-lo em outra função, como articulador.