Chegou a hora do adeus: nesta sexta-feira, a nadadora Joanna Maranhão divulgou em suas redes sociais que está se aposentando das piscinas. A pernambucana começou sua carreira aos três anos de idade e defendeu as cores do Brasil por 17 anos, disputando quatro edições de Olimpíada.
Na nota divulgada, Joanna agradeceu a todos os seus treinadores, menos um. Aos 9 anos, a agora ex-nadadora sofreu um abuso sexual por um de seus técnicos, que nunca teve o nome revelado. Em 2012, foi sancionada uma lei com o nome da atleta, que aumenta o tempo para prescrição de crimes sexuais após a vítima completar 18 anos.
Em 2004, nas Olimpíadas de Atenas, Joanna conquistou a grande marca de sua carreira - e a melhor de uma brasileira em Jogos até hoje: a quinta colocação na prova dos 400m medley. A esperança da brasileira é de que esse – e todos os outros recordes em seu nome – sejam "destruídos" pelo futuro da natação feminina.
Confira a nota completa divulgada por Joanna Maranhão
"E é chegada a hora de encerrar um ciclo de tantos anos. Por 17 primaveras defendi as cores do Brasil nos mais diversos campeonatos internacionais.
A menina que caiu na água aos 3 e encontrou ali sua essência, sua plenitude, seus maiores pesadelos e também seus maiores sonhos, nem nos mais belos prognósticos se imaginaria tendo a honra de representar o Brasil em 4 Jogos Olímpicos.
À todos que estiveram comigo nessa jornada: meu muitíssimo obrigada.
À meus treinadores (exceto um): vocês tiraram o melhor de mim, por todos os ensinamentos, treinos, desafios, conforto nos centésimos que faltaram e abraço nos momentos de alegria: toda minha gratidão.
À comunidade aquática: aproveitem o futuro, aproveitem a oportunidade de serem ouvidos, de viverem um esporte democrático onde a competição começa e se encerra na piscina. Que fora dela sejamos dignos do verdadeiro valor do atletismo. Não desperdicem a chance de escrever uma nova história nas páginas da natação brasileira. Chega de segredos, chega de retaliação, chega bajulação. Que o resultado na piscina, e apenas ele, diga quem será ou não convocado, quem será ou não contemplado.
À natação feminina eu faço um pedido: destruam todos os recordes que ainda existam em meu nome. Façam com que o quinto lugar de Atenas seja uma feliz lembrança em minha memória, e que eu (e Piedade Coutinho onde quer que esteja) possamos nos emocionar com o melhor resultado da natação feminina do Brasil em jogos olímpicos no pódio!
E pra quem disser que seu tempo já passou, ou que você tá velha demais: treine o dobro e mostre que, quem persevera por 11 anos pra melhorar tempo de 400 medley, não desiste por sistema nenhum."