Com o término dos Estaduais, encerra-se a campanha publicitária futebol de raiz. Mas realmente é verdade que a raiz de nosso futebol está nos Estaduais? Sim, dali saíram os grandes campeões (clubes e jogadores) que hoje brilham no mundo todo. Mas esta raiz está seca e sem adubos.
Está morrendo e nada que façam irá salvar esses campeonatos de se transformarem em jogos de equipes amadoras. Não temos mais torcedores, temos apenas testemunhas nos estádios. Jogos de baixo nível para um país cinco vezes campeão do mundo. Quem, acima dos 40 anos, não ia ao cinema para assistir aos jogos mostrados pelo Canal 100 antes da projeção do filme? Assim, assistíamos a jogos do Campeonato Carioca com o Maracanã lotado em uma época em que cabiam até 200 mil pessoas espremidas no estádio. E hoje? Duzentas e oitenta pessoas assistiram a uma partida do Fluminense no Estadual 2018.
Futebol de raiz? Estamos vivendo tempos em que os torcedores são mais exigentes. Que interesse temos em assistir a um campeonato de três meses com partidas em campos no Interior contra equipes retrancadas e dirigentes locais se aproveitando da presença de um clube grande para arrecadar mais dinheiro. Nos levam a algum lugar? Encerram-se os Estaduais, os clubes fecham ou ficam mendigando torneios para as federações, para poderem movimentar os atletas de casa, pois os que se destacaram, foram disputar as séries B, C, D. Deixam de criar um vínculo maior com a sua comunidade, levando jovens a ficarem em casa assistindo a jogos do Barcelona, do Chelsea e do Manchester.
E se os Estaduais fossem a Série D do Brasileiro? Com os grandes clubes utilizando equipes alternativas para dar rodagem a novos valores. Oito meses de pontos corridos e classificação para mata-mata nacional classificatório para Série C. O mais importante é abraçarmos uma campanha pela renovação do calendário brasileiro. Estamos muito atrasados em relação ao que é utilizado no mundo. Mantermos campeonatos que não estão em sintonia com o calendário da Fifa é um desrespeito com nossos clubes. Com o calendário europeu, teremos nossos novos valores um pouco mais de tempo nos estádios, pois as janelas de contratação seriam apenas ao final do Brasileirão, isto é, em julho de cada ano. Precisamos mudar, e rápido, para não corremos risco de termos competições apenas no videogame.