Acompanho o futebol americano desde 2008. Passei a ver algumas partidas na TV, acompanhar o noticiário e até escolhi uma equipe para torcer. O esporte me fascinou. Em 2016, fui ao Beira-Rio assistir ao Gigante Bowl, final do Campeonato Gaúcho de Futebol Americano, e achei muito ruim.
Estava bem frio e ver o jogo in loco, no nível do gramado, me pareceu muito menos interessante do que assisti-lo pela TV. Saí do estádio ao final do primeiro quarto. O sofá venceu. A minha relação com futebol da bola redonda nasceu nos estádios da vida. Entre os quatro e oito anos de idade, passei cada um dos domingos da temporada do campeonato estadual de amadores correndo atrás da bola, enquanto espiava o clássico rio-pardense G.E. Operário e Olaria F.C. Foi no estádio municipal Amaro Cassep que a minha paixão pelo esporte se consolidou. Vê-lo, posteriormente, pela TV apenas me proporcionou acompanhar o Inter, a Seleção Brasileira e muitos outros confrontos à distância.
Nunca mais parei de ir aos estádios porque a paixão já era definitiva. A arquibancada triunfou. Atualmente, as emissoras de TV transmitem dezenas de partidas ao vivo, levando aos amantes do esporte jogos das "seleções" do Barcelona, Real Madrid, Manchester City, Bayern, entre outras. E os jogos dos Estaduais disputam a atenção de seus torcedores contra esses esquadrões. A presença de público no Campeonato Gaúcho é baixíssima. E os preços cobrados pelos ingressos no Brasil indicam que os dirigentes não se preocupam.
Sem falar em outros aspectos que afastam os torcedores, como a baixa qualidade do jogo, a pouca segurança dos torcedores e a falta do transporte coletivo. Chegará o dia em que um(a) guri(a) levado(a) ao estádio pelo seus pais pedirá para ir embora no intervalo, porque ver o jogo pela TV é muito mais legal, afinal, foi vendo os jogos assim que o seu interesse pela modalidade cresceu. Até lá, os responsáveis pela organização do futebol brasileiro terão de fazer uma escolha: eles querem torcedores nos estádios, ou apenas simpatizantes nos sofás?
A sobrevivência de toda estrutura do esporte depende dessa resposta.