Javier Mascherano se despediu do Barcelona depois de sete anos e meio no clube. Antes de embarcar para a China e jogar pelo Hebei Fortune, o jogador concedeu entrevista ao companheiro Gerard Piqué para o "The Players Tribune" e falou sobre sua trajetória na Catalunha.
— Sinceramente, fiquei aqui (no Barcelona) muito mais tempo do que imaginava. Eu sabia que estava vindo para um lugar onde seria difícil jogar e vim com uma mentalidade de ver se eu teria uma chance de ganhar algo na Europa — afirmou o jogador argentino.
Volante de origem, ele viveu com um contraste no Barça, onde atuou como zagueiro. Mascherano afirmou que foram "os melhores anos da carreira", mas ressaltou a dificuldade por mudar de posição, principalmente por seus 1m74cm de altura, mais baixo do que o normal para a zaga.
— Na verdade, eu fui me adaptando no caminho. Na primeira partida em que eu joguei como zagueiro foi em Donetsk (Ucrânia), no jogo de volta das quartas de final e eu não tinha ideia que jogaria. O Pep (Guardiola) falou a equipe e me colocou como zagueiro, mas não tínhamos conversado sobre isso antes. Era a minha possibilidade, era a única maneira de me agarrar a algo. Bom, se eu quero permanecer numa equipe como essa, vou ter mais chances jogando de zagueiro do que como volante. Encontrei essa solução e me apeguei a isso — disse.
Piqué logo perguntou se ele gostaria de ter atuado como volante e Mascherano não hesitou na hora de responder.
— Sim. Minha etapa no Barcelona foi um grande contraste nesse sentido. Porque foram os melhores anos da minha carreira, os que eu mais pude desfrutar, foi quando eu me senti pleno como jogador de futebol. Mas não tive a oportunidade de jogar na minha posição. Ninguém sabe como é ingrato jogar como zagueiro no Barça. Um erro se paga muito caro — afirmou.
Sobre seu momento mais marcante no Barcelona, o argentino destacou o dia a dia no clube. Ao final da entrevista, realizada em uma sala de cinema, os jogadores do elenco estavam do lado de fora do local e receberam o ex-companheiro com aplausos.
— Mais que um título ou uma partida, eu fico com o dia a dia, com tudo o que desfrutamos. Só nós que estamos lá dentro sabemos o que passamos todo esse tempo. Isso é o que, afinal, te dá vida. Você percebe que as temporadas passam muito mais rápido. Tudo tem sentido quando você desfruta da profissão. No meu caso, tive a sorte de compartilhar sete anos e meio não só com grandes jogadores, mas com pessoas espetaculares — completou.