A prisão do presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, repercutiu entre campeões olímpicos gaúchos. Detido na manhã desta quinta-feira, por agentes da Polícia Federal, em sua residência, no Jardim Pernambuco, bairro nobre do Rio de Janeiro, durante a Operação Unfair Play, o presidente do COB é acusado de intermediação na compra de votos para a eleição do Brasil para receber os Jogos Olímpicos de 2016.
Para Paulão, medalhista de ouro em Barcelona (1992) com a seleção de vôlei, e um dos condutores da tocha olímpica em Porto Alegre, o episódio deve servir de exemplo para um recomeço das entidades esportivas no país.
- É um capítulo triste para o esporte nacional. Os atletas e ex-atletas têm de se expor mais, expressar mais as suas ideias, para evitar que coisas desse tipo voltem a acontecer. O esporte acaba ficando manchado, quando isso não é o correto. Não foi o esporte brasileiro que fez isso. O esportista precisa ser um exemplo para a juventude, para a sociedade - diz Paulão.
Medalha de ouro em Atenas (2004) e prata em Pequim (2008), com a seleção de vôlei, Gustavo Endres lamenta que dirigentes ainda usem o esporte para se locupletar.
- A prisão de Nuzman não foi uma surpresa, pois tivemos tempos atrás desvios na Confederação Brasileira de Vôlei e, como Nuzman ficou envolvido vários anos na CBV, não foi surpresa - afirma Endres. - Fico, sim, chateado com a falta de patriotismo dessas pessoas. Ele trouxe a Olimpíada para cá, o que foi um feito maravilhoso. Mas a maneira como isso foi feito se mostrou totalmente errada. Lamento muito a forma como muitas federações são administradas. Muitas delas estão passando por auditorias e seus representantes estão sendo julgados. É hora de mudar as pessoas e a forma como as federações são administradas. Elas deveriam estar lá para o benefício do esporte, não em benefício próprio. Em vez de pensar no legado que deixarão para o país, eles pensam no próprio benefício - finaliza Endres.