O início do novo ciclo olímpico não poderia ser mais promissor para Mayra Aguiar.
Depois de voltar em junho aos tatames com o título do Grand Prix de Cancun, no México, a judoca gaúcha subiu ao topo do pódio, na sexta-feira, na competição mais importante do calendário em 2017, o Campeonato Mundial.
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Com a vitória em Budapeste na categoria até 78kg, a meio-pesado de 26 anos tornou-se a primeira brasileira a somar dois títulos na competição, igualando a façanha de outro gaúcho, o hoje deputado federal João Derly, único judoca com dois ouros entre os homens no país.
Mais: Mayra é a única bicampeã do Brasil em qualquer modalidade feminina individual (Fabiana Murer tem dois títulos mundiais no salto com vara, mas um deles é indoor).
– O Derly sempre foi um espelho para mim. É muito bom ter um exemplo como ele em casa – disse Mayra por telefone a ZH.
Ainda eufórica, a judoca contou que estudou a fundo as rivais:
– Estava muito focada. Treinei muito a parte física, a parte técnica, a luta no chão, já que vinha perdendo algumas lutas no solo.
Dona de dois bronzes em Olimpíadas, Mayra voltará da Hungria com outro feito notável na mala. A judoca da Sogipa acumula agora cinco medalhas em Mundiais. Assim, desempatou uma saudável disputa com a colega de seleção e clube Érika Miranda, que aumentou sua coleção para quatro medalhas com o bronze na categoria até 52kg, conquistado na quarta-feira.
Inspiração para a guria criada no Menino Deus que também começou a praticar o judô nos tatames da Sogipa, Derly estava radiante com a conquista de Mayra.
– Foi um dia histórico. Quase 10 anos depois (do bicampeonato do ex-judoca no Mundial do Rio 2007), a Mayra também chegou lá. Ouso dizer que ela é a maior atleta da nossa história – destacou o deputado – Ela é muito forte fisicamente e muito tranquila para competir, sabe lidar com as emoções.
Derly também valorizou a tradição da Sogipa e a capacidade do técnico Antônio Carlos Pereira, o Kiko, de produzir campeões. Foi a nona medalha do clube gaúcho em Mundiais. Cinco dos sete ouros do Brasil na história da competição foram conquistados por sogipanos.
– Se a Sogipa fosse um país, seríamos maior do que o Brasil no judô – brincou.
Mayra acumulou ippons na rota do ouro
Mesmo sem a sombra da grande rival, a americana Kayla Harrison, que se retirou das competições depois da conquista do bicampeonato olímpico no Rio 2016, Mayra Aguiar não teve uma chave fácil no tatame da Laszlo Papp Arena, em Budapeste.
Depois de vencer por ippon as duas primeiras adversárias, a eslovena Klara Apotekar e a austríaca Bernadette Graf, a número 8 do ranking mundial reencontrou nas quartas de finais sua algoz nos Jogos do Rio, Audrey Tcheuméo, que entrou no Mundial na condição de segunda cabeça de chave de sua categoria.
Desta vez, a sogipana não deu chances para a francesa. Mayra chegou a receber duas punições (seria desclassificada na terceira), mas uma projeção sobre a rival lhe rendeu um waza-ari. Na sequência, Mayra imobilizou a adversária, fazendo-a desistir da luta a oito segundos do fim. Com mais um ippon, Mayra avançava para a semifinal.
Então, duas japonesas entraram em rota de colisão com Mayra.
E aqui vale um parênteses: berço do judô, o Japão se prepara para levar o maior número de medalhas possível na modalidade nos Jogos que promoverão em casa, em Tóquio 2020. Até sexta-feira, dos 11 ouros distribuídos em Budapeste, seis ficaram com judocas nipônicos.
– Não tive luta fácil, as japonesas são muito agressivas – afirmou a judoca gaúcha.
A primeira japonesa no caminho de Mayra foi Ruika Sato, sétima colocada do ranking mundial.
A semifinal foi tensa. Cada atleta levou dois shidos e ficaram no limite da eliminação, até que Mayra conseguiu projetar Sato e marcar um waza-ari a um minuto do fim do combate. Com oito participações em mundiais, Mayra administrou a luta até o final.
Na final, Mayra adotou uma postura mais agressiva contra a japonesa Mami Umeki (5ª), que sofreu duas punições no tempo regulamentar. Depois de quatro minutos sem qualquer pontuação, a decisão foi para o golden score. No tempo extra, Mayra foi avassaladora. Com oito segundos, levou Umeki ao solo, pontuou com um waza-ari e garantiu mais um ouro para a sua coleção.
Na categoria -70kg, a gaúcha Maria Portela foi derrotada nas quartas de final pela japonesa Chizuru Arai. Na repescagem, a judoca da Sogipa foi eliminada pela espanhola Maria Bernabéu.
COLECIONADORA DE MEDALHAS
Veja todas as conquistas de Mayra Aguiar em Campeonatos Mundiais
OURO
Chelyabinsk 2014
Budapeste 2017
PRATA
Tóquio 2010
BRONZE
Paris 2011
Rio 2013
Os mais "medalhados"
5 medalhas: Mayra Aguiar
4 medalhas: Érika Miranda (1 prata e 3 bronzes)
3 medalhas: Aurélio Miguel (2 pratas e 1 bronze)
Com o novo ouro de Mayra, a Sogipa soma 9 medalhas em Mundiais
5 ouros – João Derly (2005 e 2007), Tiago Camilo (2007) e Mayra Aguiar (2014
2017)
1 prata – Mayra Aguiar (2010)
3 bronzes – Mayra Aguiar (2011 e 2013) e Érika Miranda (2017)
*ZHESPORTES