Embora o Supremo Tribunal Federal entenda que qualquer pessoa esteja habilitada para o exercício do jornalismo, esse é apenas mais um desserviço à sociedade. Ao dedicar-se, em média, quatro anos ao espaço acadêmico, o jornalista aprende muito mais do que técnicas de entrevista, redação e edição. Ele reflete, debate e exercita a ética profissional. Jornalismo é serviço social imprescindível para fortalecer a cidadania e amparar o estado democrático de direito.
Na atualidade, as discussões estão centradas no ambiente político. Naturalmente, isso desfoca os frequentes espetáculos bizarros na imprensa esportiva. Fonte, agora, se tornou protagonista!
Ex-atletas ocupam espaço de jornalistas não apenas nas transmissõess, espaço onde o relato de experiências é realmente relevante. Há pretensos apresentadores e até repórteres que não fazem ideia do que são valores-notícia e critérios de noticiabilidade.
Para ficar apenas no futebol, recentemente, Roger Flores – apelidado de "chinelinho" quando jogava – e Edmundo "Animal" tiveram embates violentos em seus generosos espaços em canais especializados com jornalistas experientes e renomados. Sua dificuldade argumentativa e vocabulário restrito transformaram esses confrontos em situações constrangedoras para o público e, certamente, para os executivos dos veículos que os cacifam a exercer funções além de sua capacidade. E a ladainha é sempre a mesma: "eu estive dentro de campo e você não". E tem o "Craque" Neto. Mas nem vale a pena. Não poderia esquecer dos ex-árbitros que cometeram equívocos históricos e, sob o recurso de câmeras, tornam-se os patenteadores da verdade.
Evidentemente, excluo dessa análise os ex-qualquer coisa que se graduaram a fim de ocupar essas funções. Para esses, existe um outro julgamento, natural, da própria audiência. É certo que os jornalistas precisam de permanente qualificação para atuar em qualquer editoria, incluindo o esporte. Devem acompanhar treinos e jogos. Devem vivenciar o cotidiano do seu objeto de análise, evitando a tentação da modinha de entrevistar por meio do whatsapp.
Caso se convencione que defender postos de trabalho para jornalistas e garantir informação de qualidade à população é corporativismo, sou um corporativista convicto.