A Operação Águas Claras, deflagrada na manhã desta quinta-feira, apura o esquema de desvio de R$ 40 milhões que foram repassados para a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos). A fraude contaria com empresas de fachadas de amigos de dirigentes da entidade para esconder as ações criminosas, superfaturamento de passagens aéreas e hospedagem e compra de equipamentos de natação, que não eram entregues – mas foram pagos. Apesar de se tratar de uma entidade privada, é possível que uma confederação desportiva receba recursos públicos de convênios com o Ministério do Esporte.
A procuradora do Ministério Público Federal, Thaméa Danelon Valiengo, e o delegado regional de combate ao crime organizado, Rodrigo de Campos Costa, detalharam como o esquema supostamente funcionava. Segundo o delegado, havia três agências de turismo que atendiam a instituição: uma de fachada e outras com forte indício que funcionavam da mesma forma. Uma delas presta serviço há mais de 10 anos para a CBDA e teria faturamento milionário.
– Em processo de licitação, sempre a mesma empresa era vencedora. As viagens ocorriam, mas com superfaturamento de passagens e de hospedagem. Trata-se de uma agência que presta serviço há mais de 10 anos para a CBDA, tendo recebido valores de cerca de R$ 24 milhões ao longo do período – disse Costa.
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A seleção de pólo aquático participou ativamente na investigação e, em um dos apontamentos, o valor de US$ 50 mil referente à premiação em um torneio em Bergamo, na Itália, não foi repassado aos atletas.
– Os depoimentos dos atletas eram unânimes no sentido de que havia muitas irregularidades. Quando eles iam para competições internacionais, viajavam de classe econômica, com muitas escalas. Eram atletas a serviço do Brasil, com 1m90cm, que chegavam ao lugar sem a condição ideal. Os dirigentes viajavam de classe executiva – complementou o delegado.
Outra linha da investigação é referente ao fornecimento de material esportivo. Havia empresa vencedora em uma licitação que recebeu R$ 1,5 milhão, mas não entregou absolutamente nada. Segundo a procuradora, a sede referente a tal empresa ficava em uma pet shop:
– Parte do corpo societário das empresas fazia parte do círculo de amigos íntimos de dirigentes da CBDA (...) Um mar de corrupção afundou o esporte olímpico brasileiro – finalizou Valiengo.
A Polícia Federal cumpriu mandados de prisão contra o presidente da CBDA, Coaracy Nunes, e mais três dirigentes da instituição foram presos – um deles está foragido.
* ZHESPORTES