O Campeonato Internacional Juvenil de Tênis de Porto Alegre está na sua 34ª edição. Tamanha longevidade é motivo suficiente para ir à Associação Leopoldina Juvenil ou à Sogipa nesta semana para assistir à nova geração de tenistas não só do Brasil, mas também do mundo. O torneio que começou em 1984 para desafiar os jovens atletas do Rio Grande do Sul cresceu de tal maneira que desde o início dos anos 1990 ultrapassou fronteiras para receber atletas sul-americanos e, logo depois, promessas do tênis mundial. Não por acaso, renomados profissionais como o argentino Juan Martin Del Potro, o francês Jo Wilfried Tsonga, a sérvia Ana Ivanovic e a canadense Eugenie Bouchard, para citar apenas alguns, deixaram suas marcas em saibro gaúcho. Entre os brasileiros, destaque para Guga Kuerten, que levantou a taça de campeão dos 18 anos em 1994, justamente três anos antes de conquistar seu primeiro dos três títulos em Roland Garros.
A importância deste campeonato para o cenário tenístico no país é enorme. Nos 14 e nos 16 anos, conta pontos para o ranking sul-americano das respectivas categorias. Nos 18 anos, é classificado como um torneio do Grupo A da ITF (sigla em inglês para Federação Internacional de Tênis), ou seja, está entre os torneios mais valiosos do circuito juvenil da categoria, ao lado dos quatro Grand Slam - Roland Garros, Wimbledon, Estados Unidos e Austrália – e de outros eventos igualmente destacados, como o tradicional Orange Bowl. Vale também pela possibilidade de intercâmbio que os tenistas brasileiros têm de testarem seu jogo, enfrentando atletas e equipes de outros países.
Aliás, um passeio pelo Campeonato Internacional Juvenil de Porto Alegre vale também como reflexão sobre o atual estágio do tênis em nosso país. Embora as estatísticas possam, por vezes, parecer frias demais, despidas de qualquer emoção, elas podem servir de sinal para aqueles que estão preocupados em ir além do que temos hoje. A quantidade de brasileiros que entraram diretamente nas chaves principais de 64 nomes nos 18 anos é baixa: oito entre os garotos e cinco entre as garotas. Preocupante.
Ao vivenciar o dia a dia do tênis juvenil mundial, sempre me pergunto quando o profissionalismo chegará ao esporte olímpico brasileiro. A exceção de pouquíssimas modalidades, o foco no alto rendimento e a falta de visão do esporte como Educação não me servem como resposta.