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Como de costume, o frio era intenso e rigoroso, entremeado por chuvaradas e precipitações de neve. As chaminés não paravam de fumegar, e a pacata Caxias do Sul tratava de seguir com sua rotina no duro inverno. Carroças e carretas se confundiam com os primeiros automóveis, e todos terminavam atolando na lama.
Quase 20 mil pessoas já a habitavam, rasgando novas ruas, espichando a pacata cidadezinha. Pois foi justamente nela que 35 jovens se reuniram no dia 29 de junho de 1913 para fundar o Esporte Clube Juventude, dando-lhe as cores verde e branca em homenagem à esperança e à paz. Um clube pacífico, estimadíssimo e de muita coragem.
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Entre os inesquecíveis fundadores, encontravam-se 23 descendentes diretos da corrente migratória italiana, mas quatro eram germânicos puros, dois de origem genuinamente francesa, um quinteto procedia de lusitanas famílias e, pasmem, havia um inglês nato – John Henry Anderson Tibbittz –, que foi eleito o "Capitão de Campo", honroso encargo que, na época, correspondia ao de um treinador dentro das quatro linhas.
E ele se destacou como um centroavante de ofício, jogando ao lado do primeiro presidente, Antonio Chiaradia. Todos os 35 assinaram a ata de número um, com suas mãos calejadas e sob muita emoção, caligrafias esmeradas e trêmulas, de obreiros, estudantes, comerciantes, poetas e homens de superior instrução. Uma mescla não só de etnias como de ofícios.
A primeira partida, jogada em 20 de julho de 1913, serviu para anunciar que o primeiro time de Caxias do Sul haveria de ter aspirações de alto coturno: 4x0 no Carlos Barbosa, com o "Capitão Inglês" assinalando o primeiro histórico gol. E assim, ao longo dos anos, o alviverde foi semeando sua magnífica trajetória e que resultaria na colheita de importantes e gloriosos títulos, dos quais a célebre conquista da Copa do Brasil dentro do Maracanã se tornou verdadeiramente épica.
Nestes 103 anos, o Juventude consagrou-se como o clube mais vitorioso do interior gaúcho, fato reconhecido pelas estatísticas sob todas as formas analisadas. Ao enunciar algumas delas, deve-se enfatizar que foi ele quem quebrou a hegemonia da dupla Gre-Nal, depois de 60 anos, levantando o Gauchão de 1998, uma brilhante Copa do Brasil no armário, o título de campeão brasileiro da Série B, além de ter permanecido por 15 anos na Série A e uma participação na Libertadores. Multicampeão de Caxias do Sul, numa diferença exuberante e arrasadora. E, provavelmente, um dos mais amados e simpáticos do país. Parabéns, meu querido JU! Hoje, a noite será de muita festa.
*ZHESPORTES