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Nos primeiros passos do Caxias de 1978, com o apoio de Felipão e de outros jogadores mais experientes, Tite ganhou confiança. O meia Paulo Cezar Tatu, então profissional, relembra a trajetória do garoto que despontava nos juvenis.
– Acompanhei ele desde as categorias de base. Quando subiu ao profissional, a gente via que era um jogador clássico, que cadenciava o jogo, de bom cabeceio. Um meia-esquerda amador. Além disso, tinha uma índole muito boa – afirma.
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Como prova da amizade com Tite, o ex-meia relembra um encontro em 2002. Foi em um jantar de despedida para Felipão que se encaminhava para a disputa da Copa do Mundo. Na oportunidade, Tite estava no Grêmio e era uma das referências do futebol do Estado após conquistar títulos importantes. Tatu pediu um autógrafo para as netas. A resposta surpreendeu.
– Eu que tinha de pedir o autógrafo pra ti. Era quem sempre te marcava nos treinos. Tu sempre foste meu ídolo – disse Tite, na oportunidade.
Depois da engraçada conversa, Tatu levou para casa o autógrafo e aumentou ainda mais a admiração pelo amigo e ex-colega. Agora, Tatu pode acompanhar a transição de dois amigos no cargo da Seleção. E acredita que Adenor Bachi tem totais condições de assumir o cargo:
– Eles são diferentes na questão tática, mas ambos são bons. Merecem pelo que batalharam. Acharia justo pelo que ele conquistou.
Tite permaneceu no Caxias até 1982, quando foi para o Esportivo. Em um confronto contra a Portuguesa, chamou a atenção dos paulistas a ponto de eles buscarem o jogador para a temporada seguinte. O melhor momento da curta carreira veio no Guarani, quando alcançou o vice-campeonato brasileiro em 1987, em time que contava com Ricardo Rocha e Evair, entre outros.
Ao mesmo tempo em que vivia o grande momento, Tite sofria com as lesões. E uma das lembranças mais cativantes vem do técnico Carlos Alberto Silva:
– Ele chegou ao Guarani e teve uma lesão. Me lembro de uma oportunidade em que ele tinha luvas para receber. O presidente me chamou e disse "Olha, Carlos Alberto, o cheque desse garoto está na tesouraria a mais de 15 dias e ele não foi buscar". O treinador falou com ele e pediu para se dirigir para a tesouraria. A resposta surpreendeu:
– Eu não vou receber.
Carlos Alberto Silva se assustou, afinal não era uma resposta comum. Pediu o porquê:
– Enquanto não me recuperar da lesão e jogar, não recebo nada – afirmou o jogador.
Desde então, o experiente treinador passou a admirar o então garoto. O experiente técnico acredita que Tite tem um perfil de líder, que já apresentava quando era atleta.
– Era um jogador elegante, técnico, com uma convivência que fez ele chegar e logo se adaptar ao Guarani. E começamos a desenvolver um ciclo de liderança com ele. Acho que ele atendeu bem e levou essa liderança para dentro de campo.
Tite foi obrigado a encerrar prematuramente a carreira. Os joelhos não suportavam mais. Ao todo, foram seis cirurgias. Em um último suspiro, após quase cinco anos no Bugre, ele regressou ao Esportivo, mas poucos jogos depois notou que não tinha mais condições de atuar em alto nível. Era o primeiro adeus dos gramados.
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