Domingo, às 16h, tem São José x Cruzeiro, o Zé-Cruz, pela decisão da Super Copa Gaúcha. Confira o que passa pela cabeça de um torcedor do São José dias antes do jogo que pode dar a taça para o clube do Passo da Areia. Amanhã, será a vez de um fã do Cruzeiro.
O senhorzinho com seu rádio de pilha, sentado lá no alto da arquibancada quase vazia resmungou para outro ao seu lado:
- Aquele ali é São José mesmo, pena que não é muito certo.
Aquele, era eu. Grudado ao alambrado, com minhas bandeiras amarradas, a garganta afiada e "apontada" contra os ouvidos de algum goleiro adversário a uns dois metros de distância da grade. É ali, atrás do gol, que aquela maldita pecha, gravada no pavilhão social do Passo d'Areia - "O mais simpático do Brasil" -, se apaga simbolicamente a cada jogo.
Torcer para o São José não é missão que algum torcedor grenalino qualquer ou daqueles domesticado pelo futebol moderno possa entender. Não se trata de assistir ou simplesmente empurrar o time. Trata-se de jogar com ele. E literalmente participar do que é o futebol em sua essência. Sim, ali atrás do gol eu já provoquei expulsões, já confundi arbitragens e, em um Gauchão desses aí, já até me orgulhei de ter marcado um tento ao distrair o goleiro até que a bola passou por ele e estufou a rede na minha cara, com aquele "chuá" que os torcedores domesticados nunca terão o prazer de ouvir.
Neste domingo, quando os guerreiros do Zeca entrarem em campo para decidir a Super Copa Gaúcha contra nossos maiores rivais no Ze-Cruz, nós, atrás do gol, também entraremos. Dessa vez, com a chance viva de um prêmio a essa luta. Uma taça e o nosso retorno à Série D do Brasileiro. Mais do que isso, a constatação nada simpática aos grenalinos de que o São José será o clube com maior número de conquistas em Porto Alegre neste 2015: dois títulos.
Entraremos com vantagem, dá até para empatar, mas eu odeio cantar vitória antes do tempo. Caras como eu, que não são lá muito certos, o prêmio é sempre estar no campo e "jogar" do início ao fim por aqueles que vestem a camisa do Zeca (não chame de Zequinha perto de mim), sabendo que eles também jogarão por nós. E, no final, a maior recompensa é saber que eu vivo, não assisto, o futebol.
Se der - e vai dar - o título, não faço ideia de como estarei, isso é bem novo para mim. O certo é que mais um pouco daquela fama de "simpático" se apagará.
Eu confesso, um dia ainda riscarei aquela frase do pavilhão social.