Não adianta. Não consigo entender como funciona a cabeça de quem, dentro da CBF, interpreta as datas Fifa. Juro que já tentei, mas não consigo. Não tem como.
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Depois de anos lutando para que as competições nacionais fossem paralisadas para que a Seleção pudesse jogar e - nem tanto - ajudar os clubes do país que cedem jogadores à equipe, a rodada posterior ao segundo jogo das Eliminatórias para 2018 ocorre entre um e dois dias depois de Brasil x Venezuela. Sério, não há como entender.
Você conversa com estrangeiros e, mesmo que todos ao redor tenham consciência de que a Seleção já não é mais aquela de 10, 15 anos atrás, há um grande respeito. Um respeito mais pela história do que pelo momento, claro, mas há. E há um respeito inconsciente também. Inconsciente e equivocado. Grande parte desses estrangeiros acredita que, depois de um resultado lastimável - para não ficar no "7 a 1 foi pouco" - da última Copa, estamos fazendo algo para mudar a realidade de quem é e sempre será rei, mas não sabe onde foi parar a coroa.
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Aos mais jovens, vou contar uma história: essa maravilha que agora é o calendário brasileiro de futebol já foi bem diferente. Para vocês terem uma ideia, o Campeonato Gaúcho era jogado também no inverno, durante o ano todo. Em meio a isso, tinha o Campeonato Brasileiro e a Libertadores - e, além disso, havia a Supercopa e um que outro torneio fajuto. A Copa do Brasil, que depois de um tempo passou a terminar no meio do ano, voltou a findar entre novembro e dezembro. Mas tudo parece - ou parecia - ter entrado nos eixos. Estadual no início do ano, alinhado à Copa do Brasil, com o Brasileiro mais focado no segundo semestre. Estava quase bom. Quase. Faltava alinhavar com os jogos da Seleção. Mas ainda não chegamos lá.
Entre todos os principais campeonatos do mundo, apenas o Brasileiro tem rodada neste meio de semana. O Alemão, o Argentino, o Espanhol, o Francês, o Inglês e o Italiano recomeçam entre sexta, sábado e domingo. E o Português apenas no dia 23.
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Eu não quero entrar no mérito da formação de jogadores - muito menos da gestão e de outros diversos problemas que temos. Acredito piamente que o nosso talento é maior e mais vasto do que o dos jogadores alemães, por exemplo. Temos mais bola, sim. Nos falta lapidar esse talento, escondido nas balas perdidas dos morros de Salvador, na pobre metade sul gaúcha, no interior do Paraná, nos confins do Acre, nas praias do Maranhão. Talvez em nenhum outro lugar do mundo o futebol seja, de fato, pura metáfora da vida real.
*ZHESPORTES
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