Gosto de filmes e seriados de zumbis, e não estou sozinho. O mundo do futebol está comigo. Em junho passado, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, renunciou ao cargo depois de mais uma onda de investigações sobre corrupção. Porém, segue no cargo até que a nova eleição ocorra - o que será só em fevereiro de 2016. Por quase um ano, Blatter está morto-vivo à frente do futebol mundial.
Na mesma época, o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, foi preso por corrupção na Suíça. Seu braço-direito, o novo presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, voltou correndo para o Brasil e jamais saiu novamente do país - há a chance de ser preso pelo FBI, que investiga os podres da bola. Desde então, Del Nero governa o futebol brasileiro maneado, sem poder andar muito, vendo opositores se fortalecerem e pensarem em ligas.
Jérôme Valcke já esteve profissionalmente falecido uma vez. Em 2007, como diretor de marketing da Fifa, o francês foi condenado na Justiça por mentir a MasterCard e Visa na negociação pelo patrocínio das Copas de 2010 e 2014. Demitido, voltou 10 meses depois, coincidentemente assim que a Fifa fechou com a Visa, compreensivelmente promovido a secretário-geral.
Agora, Valcke parece ter caído de novo. Foi golpeado duramente na Copa do ano passado, quando o executivo da empresa que cuidava de ingressos do Mundial foi preso pela polícia brasileira. Levou outra no começo do ano, acusado de receber propina para dar a Copa de 2010 à África do Sul. E hoje, e-mails mostrando um desvio de tíquetes para a Copa de 2014, que teriam rendido 2 milhões de euros em lucros, o levaram à lona. Mas reparem em como a Fifa descreveu a saída de Valcke: "colocado em licença e liberado de suas funções". Mês passado, o francês costurava uma candidatura à presidência da entidade.
Vale muito a pena acompanhar mais um pouco essa trama. Afinal, eu curto ver gente voltando dos mortos. E a Fifa parece gostar ainda mais.
*ZHESPORTES