Técnico que se preze, obviamente os com noção, nunca vai dizer que seu time é o favorito, até para não incendiar o adversário. Ainda mais antes de clássico. Mesmo com os números a favor e as apresentações de qualidade do Juventude na Série C nacional, Picoli tratou de evitar qualquer tipo de favoritismo para o Ca-Ju de domingo, às 19h, no Centenário. E sequer cogitou antecipar a escalação, mistério que vai manter até o último minuto.
- Em clássico não se olham as colocações das equipes na tabela. Isso é básico para qualquer região e cidade. Clássico, você respeita a tradição, respeita a camisa do outro lado, a história desse tipo de jogo. Então, não tem esse negócio de um estar melhor e o outro pior. Isso não interfere em nada, não tem peso algum. O futebol não respeita muito os números. Você comprova ou perde a razão dentro de campo - alerta o treinador.
Sem o atacante Jô, expulso diante do Brasil-Pe, e com as dúvidas de Wallacer e Mailson, Picoli pode ser obrigado a mexer em até três posições do meio para a frente, embora Mailson tenha treinado nesta quarta-feira:
- Em semana de clássico os caras dão um jeito de ficar bom, aparece todo mundo, ficam rodeando a minha sala, e isso para o técnico é agradável. O primeiro passo para saber se vou seguir essa ordem ofensiva ou não é observar as melhoras desses jogadores. A partir daí, começo a entender melhor o que vai ser possível fazer no clássico.
As opções mais fortes para manter a velocidade no ataque são Lucas Roggia e Erik. Este último entrou bem contra o Brasil e pode ser uma surpresa no Ca-Ju.
- O Erik vem evoluindo a cada dia. Já amadureceu, começou a ganhar oportunidades e provavelmente é um atleta que vai decidir jogos para a gente. Tem um bom arremate, velocidade, fome de gol. Não posso dizer quando vai ganhar uma sequência, mas ele está preparado - elogia o comandante.
Já Paulo Baier pode se tornar a principal alternativa no meio, caso Wallacer fique de fora, embora não seja a ideia inicial da comissão técnica.
- Posso ter o Paulo desde o início, isso não está descartado. O sonho de qualquer treinador é ter esse talento à disposição. E sei que posso contar com o Paulo para os dois extremos. Tenho ele com intensidade e qualidade para um determinado momento da partida ou para o jogo todo sabendo que ele vai render bem também, só que aí entrando para um grupo de risco que não me interessa, que não é inteligente. Não podemos forçar uma situação e correr o risco de perdê-lo mais adiante por lesão. Trouxemos o Paulo sabendo do risco - explica Picoli.
Quanto ao zagueiro Pereira, dificilmente vai jogar o clássico. A zaga deve seguir com Diogo e Heverton:
- O Pereira é mais complicado. Ele tentou voltar duas vezes, mas ainda sente um desconforto no joelho. Se tiver condições, vai para o jogo, até porque é o capitão. Se não tiver as condições ideais, não joga, temos de ser inteligentes. Vamos ter jogos importantes daqui para a frente também e precisamos manter o foco na parte maior da competição.
Com três ou dois atacantes e com ou sem Wallacer e Mailson, o treinador alviverde determinou uma meta: buscar o equilíbrio do time. E se conseguir isso a partir do Ca-Ju, o futuro na competição se deslumbra cada vez mais promissor.
- O treinador quer sempre o equilíbrio. E talvez seja a minha maior dificuldade: encontrar o equilíbrio sem perder essa parte agressiva que a equipe encaixou. Ainda não sei de que forma isso pode ser feito sem agredir características e sem perder a essência do Juventude na Série C. Encontramos uma maneira interessante de jogar, mas o fato de ter ficado duas vezes na frente e ter possibilitado a virada do Brasil, me fez analisar profundamente algumas situações na equipe.
As opções de Picoli
A ideia é manter o sistema 4-3-3, com pelo menos dois atacantes de velocidade. Diante do Brasil-Pe, jogaram Jô, Mailson e Jônatas Obina. Porém, o primeiro está suspenso e o segundo é dúvida. As opções são os rápidos Erik, Lucas Roggia e Cassiano Bodini, além de Zulu e Paulo Baier dentro da área.
Se for obrigado a mexer no esquema, seja pelas lesões ou por questões táticas, Picoli pode optar pelo 4-4-2. Dessa forma, colocaria três volantes ou dois meias, além de dois atacantes. Itaqui é um jogador que ajudaria na marcação e aparece na criação.
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"Em clássico não se olham as colocações na tabela", diz o técnico Picoli, do Juventude
Mesmo com os números e as apresentações na Série C a favor, treinador evita o favoritismo
Adão Júnior
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