Gabriel Medina é precoce. Com apenas 21 anos, foi o primeiro brasileiro a vencer um campeonato mundial de surfe. E para celebrar este feito, lançou esta semana um livro (Gabriel Medina, Editora Sextante, R$ 49,90) que narra sua história desde o nascimento até alcançar a crista de todas as ondas em dezembro.
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Escrito pelo jornalista Tulio Brandão, a obra possui menções sobre Santa Catarina. Afinal, seu primeiro título importante foi conquistado na Praia Mole, em Florianópolis. E a etapa foi vencida também de forma precoce: aos 15 anos.
Em entrevista por e-mail ao DC, o surfista fala sobre sua relação com as praias catarinenses e também responde sobre seu fraco desempenho nesta temporada. Por fim, mostra preocupação com o mundial de surfe após o ataque de tubarão a Mick Fanning, na última etapa do circuito, em J-Bay, na África do Sul.
O que te inspirou a fazer uma biografia tão jovem e com tão pouco tempo no circuito?Na verdade esse era um sonho do meu pai (Charles) que eu acabei abraçando. A gente sempre falou disso, então aproveitamos a oportunidade do título mundial para fazer o livro. Apesar de eu ser muito novo, já passei por várias coisas e o livro conta toda essa história. Ficou super legal e eu fiquei muito feliz.
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Como foi o processo de construção do livro e como é ter no prefácio a lenda Kelly Slater?
A gente sentou e conversou várias horas com o Tulio Brandão, que foi quem fez o livro. Ele foi na minha casa e falou com todos os meus amigos, minha família, os competidores... O prefácio do Kelly ficou demais, ele falou várias coisas legais de mim, citou alguns resultados que eu até tinha esquecido e me elogiou pra caramba. É uma honra, né, ser elogiado por um ídolo seu.
No livro há algumas menções a Santa Catarina, principalmente em etapas do começo de tua carreira. Como é essa sua relação com o Estado? Alguma passagem que você lembra com mais carinho daqui?
Sim, meu primeiro Mundial (o WQS 6 estrelas, etapa da divisão de acesso) eu ganhei na Praia Mole. Já ganhei alguns campeonatos aí e eu gosto muito do lugar, é uma onda que eu me identifico bastante. Apesar de ser frio, pois toda vez que eu vou sempre está frio (risos), é um lugar legal. Eu gosto da galera e das ondas.
Quando pretende voltar a Santa Catarina, seja para lançar o livro ou surfar?
O quanto antes! Como eu falei, eu gosto de Santa Catarina. A primeira oportunidade que eu tiver eu vou, com certeza.
Qual praia você mais gosta em Santa Catarina?
A raia Mole, por causa das ondas, do lugar... e eu também tenho uma história ali, então sempre que eu estou em Floripa eu tento visitar a Praia Mole.
Qual o trecho mais prazeroso e também o que você achou mais complicado de lembrar para fazer o livro?
O mais prazeroso foi contar sobre as coisas que tive que passar para ser campeão mundial. Algumas finais, essa vida de viajar pra caramba, conhecer vários lugares... Não teve uma parte complicada, mas talvez a mais chata tenha sido a polêmica com Julian Wilson, da final que eu tive em Portugal (em 2012, em que o brasileiro se mostrou inconformado com a nota dada pelos juízes). Hoje já está tudo resolvido e o Julian é um dos meus melhores amigos.
Depois de ter ganho o Mundial ano passado, você passou por uma queda em 2015. Como você vê o restante da temporada? É muito diferente competir sendo o alvo após ser campeão?
O ano tem sido bem difícil para mim, tive maus resultados no começo, acabei de vir de um bom resultado agora... e acontece, né, vida de atleta é assim. Tem altos e baixos, e a gente tem que aprender a passar por cima desses momentos difíceis. Mas eu tenho treinado, me esforçado, feito minhas coisas e estou louco para ganhar um campeonato de novo, já estou com saudades (risos).
Na última etapa do Mundial, em J-Bay, Mick Fanning quase foi atacado por um tubarão. Você estava assistindo? Como se sentiu? Isso acaba trazendo um medo para as próximas etapas?
Eu estava fazendo umas fotos numa praia, mas eu recebi uma mensagem e depois vi a imagem. Falei com o Mick, falei com o Julian... e foi incrível. Foi a primeira vez que eu vi um tubarão tão perto de um surfista. Ele saiu daquela situação sem nenhum arranhão, sem nada, foi um milagre. A gente tem medo de tubarão, sabe que existe, mas só acredita quando aparece. Nesses lugares com histórico de tubarão com certeza a gente vai ficar com mais medo.