Ainda sonado, com claros sinais de uma noite mal dormida depois de um longo voo entre a Suíça e o Brasil, mas tenso, o paulista Marco Polo Del Nero, presidente da CBF, chamou uma entrevista coletiva nesta sexta-feira para não dizer absolutamente nada. Não disse nem a frase que todas as pessoas que gostam de futebol queriam ouvir, que ele estava de saída, que iria renunciar, que sumiria.
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- Renúncia não existe comigo - declarou.
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O advogado paulista negou conhecer histórias sobre propinas na CBF, na Conmebol e na Fifa. Falou que não sabe de nada, nunca viu nada, não conhece nada.
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Desconhecia, por exemplo, que seu antecessor e amigo do peito de três décadas, José Maria Marin, ganhava milionário suborno de empresas ligadas ao futebol brasileiro e sul-americano, como informou o FBI.
- Vice-presidente não manda. Ele cumpre - garantiu, deixando a impressão de viver num mundo paralelo.
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Del Nero prometeu examinar os contratos da CBF. Jura que vai colaborar com a Justiça. Não disse que veio ao Brasil, depois de desistir de participar do Congresso da Fifa, em Zurique, para tentar desmontar a CPI que os políticos armam em Brasília.
A bancada política da bola na Capital Federal é poderosa, mas precisa de uma liderança forte e com posses. Del Nero é uma garantia. Ele precisa estar por perto, mostrar que está vivo e solto, não atrás das grades como o parceiro Marin.
*ZHESPORTES