Floyd Mayweather afirmou nesta quarta-feira que a tão esperada luta com Manny Pacquiao não é uma luta do bem contra o mal, durante a coletiva de imprensa dos dois pugilistas em Las Vegas.
- Sou realista - afirmou Mayweather, de 38 anos e que busca manter sua invencibilidade (47-0) e o título de atleta mais bem pago do mundo. - Esta luta não é o bem contra o mal. É a luta entre um lutador que está no topo e outro - completou.
Pacquiao, congressista e possível futuro presidente da Filipinas, é amado em sua terra natal e visto como um humanitário. 'PacMan', um cristão devoto que colocou a vida de ostentação para trás, afirmou nesta quarta-feira que seu maior objetivo na luta contra Mayweather é "trazer inspiração aos humildes e glorificar a palavra de Deus".
Mayweather, famoso pela falta de humildade, não se acanha em se comparar com o lendário Muhammad Ali ou ostentar sua fortuna, exibindo carros, casas e até um avião. Nada disso, porém, terá qualquer importância quando os dois lutadores subirem ao ringue do hotel-casino MGM.
- Acredito no meu potencial. Acredito que serei vitorioso - afirmou Mayweather, que colocará em jogo os cinturões do Conselho Mundial de Boxe e da Associação Mundial de Boxe dos meio-médios contra Pacquiao, campeão da Organização Mundial de Boxe, com 57 vitórias, cinco derrotas e dois empates. Por cinco anos, problemas de contratos e animosidade entre os dois campeões impediram que os dois maiores lutadores de suas gerações se encontrassem no ringue.
Agora, a tão aguardada luta deverá quebrar todos os recordes de arrecadação, capturando a imaginação de milhões de fãs em todo o mundo.
- Eu não sei se a luta vai alcançar as expectativas de todos. Mesmo se a gente lutar num ritmo alto, não sou eu que tem que julgar isso. Eu só tenho que fazer meu trabalho e dar meu melhor. Tenho que ser Mayweather - afirmou o americano.
Depois de semanas de treinos, Mayweather declarou que pretende relaxar nos últimos dias antes da luta.
- Vou assistir a filmes e jogos de basquete. Tudo que posso fazer é viver dia a dia - afirmou. - Eu não tiro o merecimento de Pacquiao, vai ser um duelo interessante neste sábado. Ele não chegou onde está sem vencer grandes adversários.
Este respeito excessivo vem incomodando o técnico de Pacquiao, Freddie Roach, que colocou em dúvida a motivação de Mayweather, numa luta em que o pugilista americano deve ganhar mais de 200 milhões de dólares.
- Estou me perguntando se ele realmente vai chegar com tudo - declarou o treinador pouco antes da última entrevista coletiva dos dois boxeadores. Não acho que nem um nem outro tenha medo antes de entrar no ringue, mas acho que Mayweather foi forçado a aceitar este combate. Não acho que ele queria lutar. Ele não escolheu o adversário - insistiu o técnico de 55 anos, que já treinou grandes campeões como Mike Tyson, Virgil Hill, Oscar de la Hoya e Bernard Hopkins.
Mayweather respondeu, afirmando que, aos 38 anos, simplesmente não precisa mais entrar nesse jogo de provocações, que marcou o início de sua carreira.
- Desde o início da carreira, sempre tive uma estratégia de luta. Eu faço movimentos calculados dentro do ringue. Falar muito e ter uma personalidade forte, isso ficou no passado. Estou muito mais velho e mais sábio, essa luta se vende sozinha. Eu não preciso fazer isso - concluiu.
Campeão do mundo em cinco categorias diferentes e perto do lendário recorde de 49 vitórias e nenhuma derrota de Rocky Marciano, Mayweather duvida que Pacquiao, de 36 anos, seja capaz de acabar com sua invencibilidade. Roach, porém, admite que vem estudando Mayweather há anos e sabe exatamente o que seu lutador filipino precisa fazer para vencer.
- Ele é mais rápido, mais potente e está 100% preparado para responder a tudo que Mayweather colocar na mesa. Boxeadores invictos não me impressionam muito. Acho que derrotas fazem de você uma pessoa melhor, um lutador melhor. Aprendemos mais na derrota do que na vitória - completou Roach.
*AFP